Animais estavam em adiantado estado de decomposição. Fotos: Felipe Domingos/Instituto Argonauta
No fim da tarde de terça-feira (12), a equipe do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) do Instituto Argonauta, foi acionada pela equipe de monitoramento do Parque Estadual da Ilha Anchieta (PEIA) para atender uma ocorrência envolvendo duas baleias mortas, próximo à Ilha Anchieta, em Ubatuba, litoral norte do Estado de São Paulo.
De acordo com informações da equipe PMP-BS no Trecho 10, da base de Ubatuba, como estava próximo ao anoitecer, não foi possível se deslocar até o local. No entanto, logo de imediato, na manhã desta quarta-feira (13), com ajuda da embarcação El Shaday e da Mineral – Meio Ambiente, dois integrantes da equipe que executa o PMP-BS do Instituto Argonauta foram até o local informado.
Ao chegarem na Ilha Anchieta, foi localizada somente uma baleia em decomposição, próxima à Praia do Sul. Ela foi rebocada e ancorada em outro lado da Ilha, em uma parte sem acesso ao público, para se decompor naturalmente. Foram coletados materiais biológicos, como pele e músculos, para identificação da espécie. Segundo informado pela bióloga Carla Beatriz Barbosa, coordenadora do PMP-BS no Trecho 10, a baleia tem aproximadamente 12 metros de comprimento, dando indícios de ser um indivíduo adulto.
Sobre a causa da morte, o biólogo do Instituto Argonauta Manuel da Cruz Albaladejo, afirma que será difícil concluir. “Com a coleta dos materiais biológicos serão realizados exames para a identificação da espécie, mas a causa da morte é muito difícil determinar, principalmente devido ao estado de decomposição da baleia. Aparentemente não vimos nenhum indicativo que ela tenha tido algum contato com rede de pesca”, aponta. Os integrantes da equipe PMP-BS no trecho 10, ainda estão no local à procura da segunda baleia que foi relatada no acionamento.
O oceanógrafo, Hugo Gallo Neto, presidente do Instituto Argonauta também informou que o procedimento de fundear e ancorar a baleia – que consiste em amarrar uma âncora presa na cauda do cetáceo, – é o melhor método a ser realizado para que o animal se decomponha naturalmente com o tempo no ambiente marinho. Ele ainda sinaliza que a espécie pode ser uma Baleia-de-Bryde (Balaenoptera brydei), conhecida também como baleia tropical, que permanece nos trópicos e não migra para a Antártida.
A Baleia-de-Bryde é uma espécie que vive entre a região costeira e oceânica, com ocorrência durante o ano todo, e se alimenta de peixes e de pequenos crustáceos. No verão, ela se aproxima um pouco mais da costa em razão da presença de cardumes. Na região sudeste são bem comuns, e podem chegar até 16,5 metros de comprimento. De acordo com a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas (em inglês, IUCN Red List ou Red Data List), a Baleia-de-Bryde está classificado no grupo “menor preocupação”. No entanto, a espécie sofre com os impactos da interação antrópica, a exemplo de outros animais marinhos, causados pela pesca, os efeitos das mudanças climáticas e alterações no ambiente marinho.
Sobre o Instituto Argonauta
O @institutoargonauta foi fundado em 1998 pela Diretoria do Aquário de Ubatuba (@aquariodeubatuba.oficial) e reconhecido em 2007 como OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público). O Instituto tem como objetivo a conservação do Meio Ambiente, em especial dos ecossistemas costeiros e marinhos. Para isso, apoia e desenvolve
projetos de pesquisa, resgate e reabilitação da fauna marinha, educação ambiental e resíduos sólidos no ambiente marinho, dentre outras atividades.
Sobre o PMP-BS
O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama. Esse projeto tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, por meio do
monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos. O projeto é realizado desde Laguna/SC até Saquarema/RJ, sendo dividido em 15 trechos. O Instituto Argonauta monitora o Trecho 10, compreendido entre São Sebastião e Ubatuba.