O “Corvo Indiano” é considerada uma ave extremamente predadora que causa problemas ecológicos e sanitários. Agentes do ICMBio Alcatrazes permanecem monitorando Alcatrazes
Uma equipe do ICBio Alcatrazes identificou a presença de uma possível ave invasora no Refúgio de Alcatrazes, um santuário ecológico situado a 35 quilômetros ao sul de São Sebastião. A ave, da espécie Corvus splendens – Corvo-indiano – foi registrada em Alcatrazes recentemente durante atividades de monitoramento na unidade de conservação.
Os agentes do ICMBio Alcatrazes suspeitam de que a ave possa ter chegado de carona em algum navio, devido a sua presença em áreas portuárias. Segundo os agentes do ICMBio, essa espécie possui um grande potencial invasor, e em outros locais em que conseguiu se estabelecer, como Moçambique, causa grande problemas ecológicos.
Existem relatos de especialistas de que o corvo indiano traz problemas de saúde pública, econômicos e ecológicos devido à associação que tem com o lixo e o atrevimento de estar perto dos seres humanos. Este elo pode transportar agentes patogénicos do lixo tais como os vibriões da cólera, salmonela, giardia, entamoeba para os alimentos.
Em 2016, Carlos Manuel Bento, biólogo da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), de Moçambique, quando o corvo indiano começou a ser visto nas proximidades da APA de Guapimirim, no Rio de Janeiro e no Porto de Tubarão, em Vitória(ES), relatou aos colegas brasileiros que a ave pode também propagar a doença de “Newcastle”, que pode afetar dramaticamente a criação de galinhas e outras espécies de aves domésticas ou selvagens.
“Os corvos são um potencial de transmissão da gripe aviária, altamente letal à raça humana.” “Ambientalmente, o corvo indiano elimina todas as aves nativas existentes nas áreas por onde elas colonizam, comendo os ovos e os filhotes das aves nativas e domésticas. Oportunisticamente mata as aves adultas, répteis e outros animais. Sobretudo na época de reprodução pode atacar as pessoas, pois ela é muito agressiva”, alertou o biólogo, na ocasião.
A equipe do ICMBio Alcatrazes seguirá monitorando a espécie. Alcatrazes é um arquipélago brasileiro, localizado aproximadamente 35 km ao sul de São Sebastião, no litoral norte paulista, que durante muitos anos foi usado para exercícios de tiros da Marinha do Brasil. Graças a atuação dos ambientalistas, o arquipélago foi transformado em 2016, no Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Alcatrazes, que é atualmente a segunda maior unidade de conservação integral da Marinha do Brasil depois do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos.
O arquipélago é formado por cinco ilhas maiores, sendo a principal denominada Ilha de Alcatrazes (2,5km de extensão e 170 hectares de área) e as demais conhecidas como da Sapata, do Paredão, do Porto (ou do Farol) e do Sul. Há também quatro ilhas menores (ilhotas não nominadas); cinco lajes (Dupla, Singela, do Paredão, do Farol e Negra); e dois parcéis (Nordeste e Sudeste).
Alcatrazes é o maior sítio reprodutivo de aves marinhas da costa brasileira, com uma população que gira em torno de 10 mil aves. Além disso, por conta de sua diversidade de flora e fauna, com mais de 20 espécies endêmicas, o arquipélago é conhecido como “Galápagos do Brasil”..
O Núcleo de Gestão Integrada do Arquipélago de Alcatrazes (ICMBio Alcatrazes), responsável pela gestão das unidades de conservação Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Alcatrazes e Estação Ecológica (Esec) Tupinambás, é administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), autarquia federal vinculada ao Ministério do Meio Ambiente (MMA).