O beach tennis tem gerado emprego e renda aos moradores do Litoral Norte Paulista. Em Caraguatatuba, onde o esporte chegou em 2013 com um torneio exibição na praia Martim de Sá e se expandiu a partir de 2017 com aulas oferecidas pela prefeitura local, muitos jovens vivem atualmente como professores de beach tennis em arenas da cidade e, também, de São José dos Campos e Capital.
Essa modalidade esportiva foi apresentada pela primeira vez nas praias de Caraguatatuba durante um campeonato com beachtennistas de outras regiões como Santos e Rio de Janeiro promovido pelo organizador Arthur Marinho. A partir de 2017, o professor Marinho Arouca, um dos pioneiros na modalidade, implantou pela prefeitura aulas gratuitas de beach tennis nas praias Martim de Sá e Camaroeiro(Mangue).
Hoje, cerca de 2.500 pessoas praticam o esporte nas arenas instaladas nas praias Martim de Sá, Mangue(Camaroeiro), Centro, Massaguaçu e Cocanha. Nos fins de semana, centenas de veranistas vindos das cidades do Vale do Paraíba, da região de Campinas, capital e de Minas Gerais chegam à cidade para jogar beach tennis.
Atualmente, Caraguatatuba promove vários campeonatos de beach tennis em suas praias, alguns deles, internacionais, como foi o 2ª edição Champs Open de Beach Tênis, realizado no início de outubro, numa arena montada na Praia do Centro, com apoio da prefeitura local, que reuniu beachtennistas renomados como os italianos Alessandro Calbucci (várias vezes número 1 do mundo), Federico Galeazzi, Diego Bollettinari e o venezuelano Nacho Guedes, além das atletas Sophia Chow (6ª melhor jogadora do mundo) e a italiana Veronica Casadei (9ª melhor), entre outras.
Caraguatatuba tem excelentes jovens beachtenistas jogando profissionalmente, entre eles, Felipe Lopes, Richard Gomes(18 anos), Ian Ferreira(19 anos), Miltinho Diniz, Toni, Elaine Branco, Mariana Diniz e Laura Nogueira(de 14 anos). Boa parte deles, se tornaram professores, para bancarem as despesas nas competições nacionais e internacionais.
Yan Ferreira(Foto), de 19 anos, caiçara de Caraguatatuba, começou no beach tennis há cerca de cinco anos. Hoje, disputa a categoria profissional e dá aulas em arenas da capital paulista.
” Saí de Caraguatatuba com objetivo de evoluir no beach tennis. Além dos treinamentos na capital, dou aulas em dois clubes, no Calçadão, em Perdizes e no Altaeme. Meu atual coach Marcos Ferreira, que ajudou. Tenho salários e aluguel pago. Estou há um ano e alguns meses na capital”, conta Yan.
Yan explica que vive das aulas. A mensalidade num dos clube é de R$ 380,0 por uma aula de uma hora cada por semana. A aula custa R$ 90,00. Ele contou que jogou futebol, voley e ping pong, mas foi no beach tennis que se identificou. “Fui para o beach tennis graças aos incentivos de minha mãe, Viviane Ferreira. Treinei com o Mario Arouca por algum meses e hoje, sou profissional e vivo do beach tennis”, comentou.
O irmão de Yan, Yago Ferreira, de 17 anos, também, seguiu o mesmo caminho no beach tennis. Joga na categoria A e dá aulas de beach tennis na Arena Top Spin, a mais importante de Caraguatatuba. Felipe Lopes, de 22 anos, também, caiçara, é profissional e vive do beach tennis.
Felipe conta que deixou a carreira de jogador de futebol, era goleiro e chegou a jogar nas equipes de base do Internacional, de Porto Alegre, no Coritiba, do Paraná e depois no Bola 10, um projeto desenvolvido em Caraguatatuba, mas acabou trocando há três anos o futebol pelo beach tennis.
“Incentivado pelo meu amigo Ian Ferreira e com aulas do professor Mario Arouca consegui desenvolver e me aprimorar no beach tennis chegando ao profissional e hoje, vivo deste esporte”, explicou.
Felipe foi convidado para dar aulas de beach tennis no clube Pé na Areia, no renomado condomínio Urbanova. “Fui praticamente adotado pelo proprietário, Leonardo Rodrigues, estou lá há mais de dois anos. Dou aulas de beach tennis diariamente no clube”, detalhou.
Felipe tem participado de competições fora do país. Recentemente, ao lado de Miltinho Diniz, disputou dois torneios na Argentina. Ele ocupa a posição 1.479no ranking mundial da modalidade.
Miltinho Diniz, também, de Caraguatatuba, trocou uma carreira de sucesso no radio-jornalismo para se dedicar ao beach tennis. Ele era um dos apresentadores do Jornal Regional, da Caraguá FM. Começou no beach tennis com o professor Mario Arouca, nas aulas pela escolinha da prefeitura na Martim de Sá e Mangue(Camaroeiro) e hoje, vive do beach tennis.
Miltinho criou a empresa Zero 12 Beach Tennis que promove torneios no Vale e Litoral Norte, dá aulas em arenas de São José dos Campos e sempre que pode viajar para disputar torneios no exterior e acumular pontos para subir no ranking mundial da modalidade.
O beachtennista esteve recentemente na Argentina, participando de dois torneios junto com Felipe Lopes e, em Portugal, onde disputou cinco competições oficiais, tendo como parceiro Gean Medeiros. Hoje, Miltinho Diniz ocupa a 560ª posição no ranking mundial da modalidade.
Caiçara no Mundial de Maresias
Entre 5 e 10 de dezembro, o litoral norte sediará a sua mais importante e renomada competição internacional de beach tennis: a Copa do Mundo de Beach Tennis Maresias 2023 (Beach Tennis World Cup 2023), reunindo os melhores atletas de 16 países.
A seleção brasileira já foi convocada e entre os beachtenistas convocados está um caiçara: Daniel Mola, de 20 anos, de São Sebastião. Daniel Mola é natural de Boiçucanga, na costa sul sebastianense. Ele começou a praticar Beach Tennis em um projeto em São Sebastião e depois seguiu a carreira em Campinas. Daniel é bicampeão Pan-Americano sub-18, vice mundial sub-18 e ocupa atualmente a 16ª posição do ranking mundial.
Em julho deste ano, Daniel conquistou um titulo inédito para o Brasil, nos Jogos Sul-Americanos de Praia, realizados em Santa Marta, na Colômbia. Daniel Mola foi o primeiro do país a ser campeão na categoria simples de Beach Tennis. Ele chegou ao título com a vitória por 6×3 e 6×0 sobre o venezuelano Diego Guzman na final.
Foram convocados para o Time Brasil BRB seis beachtenistas profissionais em cada categoria, masculina e feminina, sendo três homens e três mulheres. A convocação foi feita pelos capitães Alex Mingozzi, da equipe profissional, e Marcus Ferreira, da equipe juvenil.
No feminino profissional foram convocadas as beachtenistas Rafaela Miiller – atleta número 3 do ranking ITF –, Sophia Chow (#6) e Vitória Marchezini (#7). No masculino, os atletas André Baran (#4), Allan Oliveira (#12) e Daniel Mola (#16).
Na categoria juvenil, foram convocados, no masculino: Felipe Loch, Augusto Simoneto e Gustavo Garbarski. No feminino, foram convocadas as atletas: Julia Cabral, Isabela Massaioli e Maria Giulia Sorci.