Instituto Argonauta devolve ao mar nove pinguins-de-Magalhães reabilitados após serem resgatados em praias paulistas

 

O Instituto Argonauta devolveu ao mar na quarta-feira, dia 18, nove pinguins-de-Magalhães que tinha sid resgatados em praias paulistas. Eles foram resgatados e reabilitados pela equipe do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) do Instituto Argonauta, recebendo todos os cuidados necessários para sua recuperação.

A soltura foi realizada em alto mar pela equipe PMP-BS do Instituto Argonauta, em parceria com o Aquário de Ubatuba, e apoio da Mineral Engenharia e Meio Ambiente. “O lugar escolhido envolve algumas especificidades, tais como a latitude e longitude. Elas são previamente estudadas com o apoio do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais [INPE], que levanta as posições das correntes, para que os pinguins encontrem a Corrente Marinha do Brasil com maior facilidade, o que auxiliará no retorno dos animais para as colônias”, explica o oceanógrafo e presidente do Instituto Argonauta Hugo Gallo Neto.

Os pinguins-de-Magalhães permaneceram em reabilitação nos recintos do Centro de Reabilitação e Despetrolização (CRD) do Instituto Argonauta em Ubatuba/SP, onde foram realizados todos os procedimentos necessários para verificar se estavam aptos à soltura. De acordo com a médica veterinária MSc. Raquel Beneton Ferioli, veterinária responsável técnica do Instituto Argonauta no CRD de Ubatuba, uma bateria de exames e procedimentos foi realizada para essa verificação. “O animal deve estar nadando ativamente no recinto e manifestar comportamento normal para a espécie, durante todo o período de avaliação. Além disso, eles devem apresentar impermeabilização total da plumagem e se alimentar espontaneamente no recinto. Exames clínicos e laboratoriais são realizados para atestar a saúde de cada um dos pinguins. Com isso, clinicamente os pacientes estão liberados para soltura”, detalhou.

Antes da soltura, os animais receberam microchips, para que possam ser identificados caso encalhem em outros pontos da costa brasileira. Esse procedimento também pode auxiliar no trabalho de pesquisas científicas, como por exemplo, em estudos nas colônias desses animais. A previsão, é que eles percorram o caminho até a patagônia argentina, onde existem as colônias de reprodução. “O esperado é que aproveitem a corrente e se direcionem para o sul da América do Sul, até chegar próximo a região patagônica. Nessa região, existem colônias reprodutivas e de permanência para descanso e alimentação”, comenta a bióloga Carla Beatriz Barbosa, coordenadora do PMP-BS no Trecho 10 do Instituto Argonauta.

Embora tenham sido implantados microchips nos animais, não é possível rastreá-los a distância. “Os registros de identificação dos animais são importantes no caso de um eventual encalhe, para que outras instituições que trabalham com resgate de fauna marinha, possam identificar a origem da soltura, por exemplo. Também podem ser utilizados por pesquisadores que atuem nas colônias da espécie, ou em outras áreas, e aumentar o conhecimento sobre os deslocamentos que os animais realizam”, acrescenta Carla Beatriz.

Resgate

Os pinguins que foram soltos nesta quarta, foram resgatados nas seguintes praias: Barra do Una, Paúba, Santiago e praia da Vila em São Sebastião/SP; e praia do Curral, Perequê, e praia de Itaquanduba em Ilhabela/SP, mas durante toda a temporada de pinguins na região deste ano, que teve início no mês de junho, foram contabilizadas diversas ocorrências envolvendo essa espécie nas quatro cidades do litoral norte de São Paulo, que também engloba as cidades de Caraguatatuba/SP e Ubatuba/SP.

Alguns dos animais que foram resgatados, passaram por cuidados na Unidade de Estabilização (UE) em São Sebastião, que tem como objetivo dar suporte ao atendimento dos animais encontrados em São Sebastião, Ilhabela e região sul de Caraguatatuba. Os animais permanecem na UE até estarem aptos para o transporte e assim finalizarem o tratamento no CRD.

Temporada 2023

A temporada dos pinguins-de-Magalhães na região iniciou em junho deste ano, mas o pico esperado ocorreu entre os meses de julho e agosto. A previsão do seu ciclo natural, é que eles retornem para o sul no início da primavera, portanto, nesta época, se for registrada alguma ocorrência envolvendo pinguim-de-Magalhães no litoral norte paulista, trata-se de alguma anormalidade ou intercorrência no ciclo desse animal, segundo Gallo.

Ao contrário do que muitos imaginam, essa espécie de pinguim não é polar e, por isso, não está adaptada a baixas temperaturas. Durante a sua jornada migratória, os pinguins-de-Magalhães enfrentam diversos desafios, e por esse motivo, muitos indivíduos acabam chegando à região debilitados ou mesmo sem vida. Do total de pinguins atendidos pelo Instituto Argonauta, através do PMP-BS, aproximadamente 20% chegam vivos.

Risco de extinção – IUCN

De acordo com a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas (em inglês, IUCN Red List ou Red Data List), o pinguim-de-Magalhães está classificado no grupo “segura ou pouco preocupante” (em inglês, least concern), que é a categoria de risco mais baixo. Espécies abundantes e amplamente distribuídas são incluídas nesta categoria. No entanto, a espécie sofre com os impactos da interação antrópica, a exemplo de outros animais marinhos, causados pela pesca, os efeitos das mudanças climáticas e alterações no ambiente marinho.

O Instituto Argonauta reabilita pinguins desde o ano de 2012 em continuidade ao trabalho de reabilitação realizado pelo Aquário de Ubatuba desde 1996, tendo resgatado diversos Pinguins-de-Magalhães nos anos em que os mesmos estiveram presentes na costa de nossa região.

Sobre o Instituto Argonauta

@institutoargonauta foi fundado em 1998 pela Diretoria do Aquário de Ubatuba (@aquariodeubatuba.oficial) e reconhecido em 2007 como OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público). O Instituto tem como objetivo a conservação do Meio Ambiente, em especial dos ecossistemas costeiros e marinhos. Para isso, apoia e desenvolve projetos de pesquisa, resgate e reabilitação da fauna marinha, educação ambiental e resíduos sólidos no ambiente marinho, dentre outras atividades. 

Sobre o PMP-BS

O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama.

Esse projeto tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, por meio do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos. O projeto é realizado desde Laguna/SC até Saquarema/RJ, sendo dividido em 15 trechos. O Instituto Argonauta monitora o Trecho 10, compreendido entre São Sebastião e Ubatuba.

Para mais informações sobre o PMP-BS, consulte: www.comunicabaciadesantos.com.br

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