Ubatuba realiza quinta(5) missa em protesto pela demolição da Capela de São José na Praia do Félix

Foi transferida desta terça, dia 3, para a próxima quinta-feira, dia 5, às 10 horas, a missa que será realizada na praia do Félix, região norte de Ubatuba, em protesto contra a demolição de uma capelinha do bairro.

A missa protesto será celebrada pelo padre Ronaldo Calixto dos Santos, da Paroquia do Perequê-Açu, no local onde foi demolida no dia 21 de setembro a secular Capela de São José. A polícia civil investiga se a demolição da ocorreu por intolerância religiosa, vandalismo ou interesses imobiliários. A capela pertencia a paróquia do Perequê-Açú e estava há algum tempo desativada.

O padre Ronaldo Calixto dos Santos, da Paróquia Imaculada Conceição, do Perequê-Açu, registrou boletim de ocorrência sobre a demolição da capela pedindo que a polícia civil esclareça o caso.

O bispo Dom José Carlos Chacorowski, deve emitir uma nota oficial em nome da Diocese do Litoral Norte Paulista cobrando providências das autoridades sobre a demolição da Capela de São José.

Capela foi totalmente destruída

Os fiéis, principalmente, os mais antigos, não se conformam com a demolição da capela. A Igreja Católica está recolhendo  com os moradores mais antigos, documentos de batismo, crismas e casamentos realizados na capela, para tentar identificar há quantos anos ela existia. Depoimentos de moradores relatam que a capela era centenária.

Seu Júlio Galdino, de 86 anos, que mora na praia do Félix, conta que a capela tinha sido construída de pau a pique pelos caiçaras da região norte de Ubatuba.  A capela tinha cobertura de folha de palha de coqueiro.

Ele recorda que quando criança, ajudou a reconstruir a capela, desta vez, com tijolos e material transportados de canoas da região central de Ubatuba até a praia do Felix.

Segundo seu Júlio Galdino, não havia acesso por terra ligando o centro de Ubatuba à região norte. Oficialmente, a rodovia Rio-Santos foi aberta em 1970. Ele recorda ainda que estudou na capelinha junto com as demais crianças do Félix e lembra dos batizados e casamentos que frequentou no local.

Dona Eufrásia, de 86 anos, que vive atualmente no Perequê-Açú, também, lembra com carinho do tempo em ainda criança frequentava os batizados e casamentos realizados na capelinha. Assim como a maioria dos caiçaras mais antigos de Ubatuba, dona Eufrásia não se conforma com a demolição da capelinha.

O caiçara Charles Medeiros conta que a demolição da capela afetou toda a comunidade caiçara de Ubatuba. “A capela era muito importante e significativa para a comunidade caiçara. Os caiçaras pretendiam restaurar e reativar as cerimônias na capelinha. Ela foi demolida justamente quando a comunidade pretendia reativá-la”, contou Medeiros.

Segundo ele, a capela sempre ocupou um espaço de uso comum do povo na praia do Félix, ou seja, ela não ocupava área particular. “Queremos que as autoridades tomem providências para esclarecer o que ocorreu, quem demoliu e se foi por intolerância religiosa, vandalismo ou interesse meramente imobiliário”, afirmou.

O padre Ronaldo aguarda um posicionamento da polícia civil de Ubatuba. “A capela não foi construída da noite para o dia. Existia há dezenas de anos e ficou desativada quando os caiçaras deixarem a beira mar para viver nas encostas de Ubatuba. Não sei se ocupava área particular ou pública, isso não importa. Não poderia ser demolida. A capela tinha uma importância histórica e sentimental para o povo caiçara”, afirmou o padre Ronaldo.

Procurada, a prefeitura municipal de Ubatuba se manifestou sobre a demolição da Capela de São José, através da Fundação Cultural. Segundo o presidente da Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba(FundArt), Luiz Bischof, a prefeitura, através da fundação já está solicitando às seis paróquias de Ubatuba o local e a data da existência de cada uma das capelas existentes no município de Ubatuba. ” Com essa relação, iremos solicitar ao prefeito a elaboração de um projeto de lei que decrete a preservação das capelas como patrimônio histórico-cultural do município”, explicou.

O caso está sendo investigado pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo a partir do boletim de ocorrência elaborado pelo padre Ronaldo. A assessoria de Imprensa da SSP-SP informou que o caso foi registrado como dano contra o patrimônio na Delegacia de Ubatuba, a vítima foi orientada quanto ao tempo de representação. Segundo a nota, a autoridade segue à disposição para dar continuidade nas investigações.

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