Entidades protestam contra embarque de cargas vivas pelo porto de São Sebastião

Cerca de 70 mil cabeças de bois estão sendo embarcadas pelo porto com destino à Turquia. Ontem, sábado(5), uma carreta transportando 90 cabeças de gado tombou na rodovia Rio-Santos, em São Sebastião, acidente causou a morte de pelos menos 10 animais. O Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal tenta proibir a exportação de bovinos vivos, decisão está em análise no TRF3  

 

Entidades envolvidas com a defesa da causa animal no Litoral Norte promovem uma manifestação às 10 horas deste domingo, dia 6, em São Sebastião contra o embarque de cargas vivas pelo porto local.

A manifestação “Ato contra embarques de animais vivos no porto de São Sebastião”, ocorrerá na Praça da Vela, na avenida Guarda Mor Lobo Viana, no bairro do Porto Grande.

O Porto de São Sebastião, no litoral de São Paulo, administrado pelo governo do estado de São Paulo, já realizou  oito embarques de animais vivos este ano para a Turquia. Os dois últimos embarques devem ocorrer neste fim de semana. No total, estão sendo exportados para a Turquia cerca de 70 mil animais provenientes de fazendas do interior do estado de São Paulo e Minas Gerais.

Apenas nesta semana três navios operaram no terminal portuário de São Sebastião para a exportação de 46 mil cabeças de bois para a Turquia, país em que os animais devem ser “engordados” e distribuídos para outros países da Ásia.

Na última terça-feira, dia 1º, o navio Al-Kuwait, zarpou com 20 mil cabeças de bois rumo até a Turquia. A operação de carga durou cerca de 24 horas. A viagem do navio até o destino final, a Turquia, deverá durar de 18 a 20 dias.

Outros dois navios permaneceram fundeados no Canal de São Sebastião, aguardando novos carregamentos. O Ocean Drover, de bandeira de Singapura, iria receber 21 mil bois. O Transporter, de bandeira Panamenha, outros cinco mil animais. As duas “cargas” de animais para engorda tinham como destino a Turquia que posteriormente vende os animais para países como Iraque, Egito e Jordânia, entre outros.

Estão sendo embarcados animais da raça Brangus, formada pelo cruzamento do Aberdeen Angus com os zebuínos nelore, tabapuã e brahman. No caso dos animais que estão embarcando nesta semana, o destino será a engorda. O Brasil também exporta animais vivos para Egito, Iraque, Palestina, Angola, Argélia, Bolívia, Camboja, Congo, Emirados Árabes Unidos, Equador, Ilhas Maurício, Jordânia, Líbano, Irã, Marrocos, Moçambique, entre outros.

Além do porto de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, as exportações de animais vivos também são feitas pelos protos de Rio Grande (RS), Imbituba (SC) e Vila do Conde (PA). Existem acompanhamento das cargas vivas destinadas à exportação nas fazendas onde é feito o pré-embarque e nos portos.

Acidente

 

Uma carreta que transportava 90 animais de uma fazenda no interior do estado para o porto sebastianense sofreu um acidente na madrugada de sábado(5), causando a morte de vários animais.

Segundo a prefeitura de São Sebastião, a carreta colidiu contra o guard rail e tombou na pista no km 115 da rodovia Rio-Santos, no trecho de serra do bairro da Enseada, na costa norte de São Sebastião.

No acidente, ocorrido por volta da uma hora da madrugada de sábado, o motorista do veículo não se feriu, mas extraoficialmente, três bois morreram e outros 10 ficaram gravemente feridos e seriam sacrificados.

O acidente interditou a rodovia por mais de oito horas e acabou atrasando o embarque da carga viva no navio Transporter, de bandeira panamenha, que deve seguir neste domingo(6), com destino a Turquia.

 

Ação

 

Uma ação pública movida em 2017 pelo Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal –  “uma organização nacional sem fins lucrativos que trabalha pela proteção e defesa de animais sem distinção de espécie”, pediu a suspensão da exportação de bovinos vivos por via marítima. Em abril deste ano, a  justiça proibiu a exportação de animais vivos por meio de transporte marítimo, em todos os portos do País. No entanto, o juiz federal Djalma Moreira Gomes decidiu suspender sua decisão até contemplação do TRF3.  

Segundo o Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, em texto publicado no seu site, a sentença atual ,mesmo – suspensa – é “histórica para o direito dos animais, onde se reconhece o sofrimento causado, em uma atividade semelhante ao tráfico de humanos durante e escravidão”. O presidente da Associação Brasileiras dos Exportadores de Gado (ABEG, com sede no Pará), Gil Reis, comentou que não vê motivos para alardes, pois segundo ele, o tribunal deve reformar a sentença novamente.

Ontem, sábado, dia 5, Ana Paula Vasconcelos,  diretora jurídica do Fórum Animal encaminhou uma nota ao Notícias das Praias. Segundo ela, o transporte de gado vivo é realizado de forma cruel, por longas distâncias, que pode durar semanas até o destino final. Confira a nota:

Esses animais são submetidos a vários tipos de maus tratos, tais como: Elevadas temperaturas, ambientes insalubres, falta de alimentação e água, lesões físicas como fraturas, contusões e hematomas, tudo isso sem que recebam qualquer atendimento veterinário.

Além dos danos aos indivíduos, temos também um grave impacto ambiental, pois, por onde passa, o navio vai lançando ao mar dejetos de milhares de animais, além dos cadáveres dos animais que também são descartados ao mar. A ação está em grau de recurso, aguardando a União levar a matéria ao TRF3. A Sentença não pode ser imediatamente executada em razão de uma suspensão de liminar. Dessa forma, precisamos aguardar a análise da matéria pelo TRF3″.

 

 

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *