No Litoral Norte, sorvetes Sérgio (Caraguatatuba) e Rocha(São Sebastião) são atrações turísticas
Os sabores gelados do Brasil estão se espalhando pelo mundo e congelando o coração dos turistas, no bom sentido. O novo ranking da TasteAtlas revela, “Os 100 Sorvetes Mais Icônicos do Mundo” (The 100 Most Iconic Ice Creams of the World), em que duas lojas brasileiras ganharam destaque.
Com um sabor inconfundível, a Sorveteria Cairu é o orgulho regional do Pará e compartilha um sorvete icônico de açaí unido aos frutos nativos. Em 39ª posição, o prêmio destaca “Um de seus sabores de sorvete mais icônicos é o açaí, que é muito apreciado por seu sabor rico e distinto que equilibra perfeitamente doçura e acidez”, ressaltou o ranking.
Tradicionalmente criada desde 1964, a sorveteria paraense já conquistou outras premiações internacionais, como a 32ª posição no Festival Mundial do Gelato, o ranking das melhores gelaterias do mundo, sendo reconhecida com o título de sorveteiro “de ouro” do país.
Eleita a melhor sorveteria do Brasil em 2014, é praticamente uma instituição da capital paraense. São mais de 50 anos de história. A produção começou pelas mãos de Dona Ruth e Seu Armando Laiun com os sabores de coco, taperebá, cupuaçu e muruci.
E é justamente essa variedade de mais de 50 sabores que fez a fama da Cairu. A sorveteria usa como matéria-prima dos sorvetes artesanais frutas típicas do Pará, muitas exóticas para quem não é do Norte, como bacuri, castanha-do-Pará, açaí, graviola e os citados anteriormente.
Outra que despontou no ranking foi a sorveteria Da Ribeira em Salvador (BA). Na 74ª posição, a gelateria presenteia os turistas desde 1931, com o icônico sabor de sorvete de tapioca. De acordo com o prêmio o local conta “com uma variedade de sabores de sorvete que incluem não apenas os comuns, mas também frutas brasileiras exóticas. Seu sabor mais icônico é a tapioca – feita com farinha de tapioca autêntica e misturada com gelato cremoso, resultando em uma deliciosa combinação de sabores e texturas”. A sorveteria chama atenção de quem passar por perto, tornando-se uma parada popular para moradores e turistas.
Litoral Norte Paulista
Ao longo dos anos, os sorvetes artesanais produzidos no litoral norte paulista, de excelente qualidade e sabor, se transformaram em uma das maiores atrações turísticas da região.
Em Caraguatatuba, a produção de sorvete natural começou com a família Miscocci, na década de 50. Na década de 60, surgiu o sorvete Silvio, produzido pelo casal Sylvio Luiz dos Santos e Severina Garrido dos Santos. A sorveteria, que hoje, tem mais de 50 anos e permanece no mesmo local, sempre foi considerado um ponto turístico. Afinal, como diziam (e ainda dizem os turistas) os veranistas: “quem visitasse Caraguatatuba e não tomasse um sorvete na sorveteria Sylvio era a mesma coisa que ir a Roma e não ver o Papa”.
A qualidade dos sorvetes e o atendimento dedicado aos clientes sempre cativou moradores, veranistas e turistas. O sucesso da sorveteria tornou seu Sylvio ainda mais popular na cidade. Foi candidato a prefeito e se elegeu. Ao assumir a prefeitura, deixou a sorveteria aos cuidados de dona Severina e dos filhos. Caraguatatuba ao longo dos anos ganhou novas sorveterias, entre elas, a Wilson e a Gelateria Dama Bersani, na praia de Massaguaçu.
Em 1970, a família decidiu vender o estabelecimento para Getúlio Navarro Magalhães. Cinco anos depois, em 1975, Sylvio abriu a Sorveteria Sérgio, no mesmo local e com o mesmo sucesso. A cada início de temporada de verão lançava produtos novos e assim continua sendo feito até hoje. Sylvio faleceu em 1989, aos 71 anos; sua esposa, dona Severina faleceu em 99, aos 70 anos. A sorveteria ficou aos cuidados do Sávio e de sua esposa Silvana.
A qualidade e sabor dos sorvetes artesanais produzidos no Litoral Norte sempre se destacaram aos longos dos últimos 50 anos. Em São Sebastião, Ubatuba e Ilhabela, as sorveterias Rocha e Rochinha continuam um grande sucesso e foram criadas pela mesma família. Tudo começou no final da década de 40, quando José Rocha Medeiros, mais conhecido como Seu Zeca, criou a Sorveteria Rocha e transformou seu picolé de coco num dos mais famosos da região. Em 1964, o patriarca dos Rocha passou a loja para seu irmão, João, que tinha sete filhos. Os filhos assumiram a casa; Em 1981, um dos filhos de João, Rodolfo, decidiu abrir com a mulher outra sorveteria e nasceu a Sorvetes Rochinha. As duas sorveterias se expandiram pela cidade e região.
A Rochinha, em São Sebastião, em 2012 foi vendida para um grupo de empresários interessados em conquistar com a marca- bastante conhecida entre os veranistas e turistas, o mercado nacional e internacional. Foram investidos R$ 8 milhões numa nova fábrica em São José dos Campos. De lá, o sorvete abasteceria o mercado de São Paulo e o exterior: Portugal, Estados Unidos e Emirados Árabes. Com os novos investimentos a empresa passou a produzir 70 mil picolés e 2 mil litros de sorvete de massa por dia. A Rochinha deixou de ser artesanal para disputar o mercado nacional e internacional.