Tainha é o peixe ideal para se consumir nesta época do ano. O peixe é bom e saudável, sua captura ajuda os pescadores e suas famílias e feito na brasa serve como atrativo turístico gastronômico nas cidades litorâneas. O chef caiçara Jaur Carpeneti, dá a receita sobre como fazer o peixe enrolado na folha de bananeira e assado na brasa…sensacional!!!
A tainha é o peixe ideal para se deliciar nesta época do ano. Assada na brasa numa folha de bananeira a moda caiçara ou no forno, recheada, a tainha é um dos pratos tradicionais da culinária brasileira. O peixe que é bastante saudável e utilizado para amenizar ou evitar muitas doenças, entre elas, o Alzheimer, as artrites e problemas vasculares.
Nesta época do ano, a tainha é um dos peixes mais consumidos no país. Esta é a época ideal para consumir a tainha. Entre o fim do outono e o período do inverno ocorre a migração reprodutiva das tainhas (Mugil liza). Os cardumes aproveitam as correntes marítimas trazidas pelas frentes frias e migram dos estuários do sul do Brasil, Uruguai e Argentina para desovar em águas marinhas costeiras mais quentes.
Apesar de estarmos na temporada da pesca – a captura da tainha será encerrada em 31 de julho, existem regras para a captura do peixe, respeitando o ciclo de vida da espécie e, assim, evitar impactos ambientais nas Áreas de Proteção Ambiental (APAs) Marinhas do Litoral de São Paulo.
Além disso, a pesca deve obedecer o tamanho mínimo de 35 centímetros do peixe, medidos da ponta do focinho à cauda da nadadeira, garantindo que os juvenis não sejam capturados e que possam crescer e reproduzir em próximas temporadas.
A tainha é uma espécie com elevada abundância na costa sul e sudeste brasileira e alto valor econômico. É uma das principais espécies capturadas pela pesca no Brasil. Também é uma importante fonte de renda para diversas comunidades tradicionais e de pescadores e faz parte de tradições regionais com as “Festas da Tainha” em diversas cidades litorâneas.
Por definição do Governo Federal, a temporada de pesca da tainha de 2023 teve novas regras: foi proibida a pesca industrial e limitada a safra da pesca artesanal para até 460 toneladas no litoral das regiões Sul e Sudeste, o que representa uma redução de 68%. As medidas são válidas para o período entre 15 de maio e 31 de julho, quando ocorre a temporada de pesca da tainha.
Chamado de Autorização de Pesca Especial Temporária, o regramento foi estipulado para garantir o equilíbrio e a sustentabilidade da pesca da espécie uma vez que a safra de 2022 ultrapassou o limite estabelecido. Para o todo território nacional, o novo limite total da pesca artesanal é de 4.500 toneladas.
A proibição à pesca industrial é referente à modalidade de cerco/traineira e, para pesca artesanal, fica definida a redução do limite na modalidade de emalhe anilhado de rede.
Tradição
A tainha na brasa serve de atração turística para cidades do litoral norte paulista como Praia Grande, Bertioga, Ilhabela e Ubatuba, entre outras. Bertioga promoverá sua 46⁰ Festa da Tainha promovida pelo Lions Clube de 30 de junho e 30 de julho. Anualmente, a cidade recebe milhares de turistas que consomem cerca de 10 toneladas do pescado. A cidade de Praia Grande, que realiza este ano a sua 24º festa da Tainha, recebeu no ano passado a visita de 110 mil turistas.
Em Ubatuba, onde começou ontem, sexta-feira(23), a centenária festa de São Pedro Pescador, a tainha na brasa é uma das principais atrações gastronômicas do evento. Ilhabela realizará a sua festa da tainha, na Praia Grande, de 30 de junho a 2 de julho. Nestes eventos, a tainha na brasa é acompanhada de arroz, farofa e vinagrete. O prato custa em média R$ 120,00 e serve até três pessoas.
Saudável
Apesar de ser um peixe delicioso e de pouco custo, a tainha também é excelente para a saúde das pessoas. Confira os benefícios proporcionados ao se alimentar com a tainha. O consumo de tainha reduz várias doenças e infecções.
Alzheimer: Consumir a Tainha regularmente previne a perda de massa cinzenta no cérebro, que está ligada ao surgimento de doenças degenerativas como o mal de Alzheimer. Esse benefício está ligado à presença de ômega-3 e de nutrientes como cálcio e fósforo, importantes para a transmissão impulsos nervosos.
Artrite: Peixes ricos em ômega-3, como, Tainha, salmão, atum e cavala, ajudam a aliviar os sintomas da artrite por terem propriedades anti-inflamatórias. Ao aumentar os níveis de ômega-3 no organismo, a inflamação nas articulações é reduzida e as dores diminuem.
Vitamina D: A Tainha é uma das melhores fontes de vitamina D na alimentação, especialmente os peixes gordos, pois essa vitamina fica armazenada na gordura dos alimentos. A vitamina D funciona como um hormônio esteroide no organismo, sendo importante para prevenir problemas como diabetes, infertilidade, câncer e problemas cardíacos.
A Tainha é grande fonte de proteínas e podem ser usados para substituir as carnes e o frango da dieta. As proteínas são nutrientes importante para a formação da massa muscular, dos cabelos, da pele, das células e do sistema imunológico, sendo um nutriente essencial para a saúde.
Doenças cardiovasculares: A Tainha contém boa fonte de gordura boa, especialmente os provenientes de água salgada, como atum, sardinha e salmão, pois são ricos em ômega-3, nutriente presente nas águas profundas do mar. O ômega-3 atua no organismo reduzindo o colesterol ruim e aumentando o colesterol bom, além de reduzir a inflamação e melhorar o sistema imunológico.
Preparo
A carne da tainha tem um sabor característico e diferenciado. A forma mais comum de ser preparada é assada na brasa ou no forno. O renomado chef Jaur Carpeneti, de Ubatuba, especializado na culinária tipicamente caiçara, dá a dica do preparo da tradicional tainha na brasa feita na folha de bananeira (Foto).
Segundo ele, a tainha pode ser “aberta” tradicionalmente pela barriga ou pelas costas. Retira-se as escamas e tempera o peixe: espalha sal grosso, adiciona alecrim e pimenta do reino. Após temperar, enrola o peixe na folha de bananeira e coloca na churrasqueira para assar. A tainha pode ser acompanhada de arroz, vinagrete ou de uma farofa de camarão.
Segundo o chef Jaur Carpineti, nesta época do ano, muitas tainhas estão com ovas, que podem ser consumidas, separadamente. As ovas (nome popular para os ovários maduros das fêmeas), segundo Jaur, podem ser feitas assadas no forno, fritas ou como farofa para acompanhar a própria tainha.
Nas duas primeiras opções, fritas ou assadas, é só temperar e colocar no forno ou na frigideira. A farofa requer o cozimento da ova por cinco minutos, joga na água fria (para suspender o cozimento), em seguida tira a pele e corta em rodelas ou pedaços para receber o tempero, salsa, cheiro verde, cebola, numa panela em seguida adicione a farinha de mandioca.