Festa é realizada há cerca de três séculos em Paraty e atrai turistas do mundo todo. Em 2013, Iphan considerou a festa realizada na cidade como Patrimônio Cultural Brasileiro
Paraty celebra de 19 a 28 de maio a programação da Festa do Divino Espírito Santo que reúne tradição e fé. Em 2023 a Festa do Divino Espírito Santo de Paraty celebra 10 anos do Registro como Patrimônio Cultural Brasileiro pelo Iphan. Manifestação cultural e religiosa de origem portuguesa, a Festa é acontecimento que envolve toda a comunidade, rememorando séculos de História e compreendendo diversos espaços, sendo os principais localizados no Centro Histórico e arredores: a Igreja Matriz Nossa Senhora dos Remédios, a Praça da Matriz, a casa do festeiro e as ruas pelas quais a procissão passa durante os dias de celebração. A decoração tem bandeiras nas cores vermelho, simbolizando o Espírito Santo, e branco, simbolizando a paz e a pomba no Batismo de Jesus.
Atribuída à Rainha Isabel (1271 – 1336), a Festa do Divino chegou ao Brasil trazida pelos colonizadores e vem acontecendo em Paraty desde o século XVIII. Realizada no dia de Pentecostes (50 dias após a Páscoa), a festa homenageia a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Pelas suas enormes proporções, envolvendo praticamente toda a comunidade, a festa começa a ser organizada um ano antes de sua realização: escolhido pela Paróquia, um “festeiro” administra dezenas de voluntários – às vezes mais de um para cada atividade, seja religiosa ou profana.
O Dossiê de Registro da Festa do Divino Espírito Santo da Cidade de Paraty afirma: “Trata-se de um bem cultural complexo, que enuncia um conjunto de celebrações e formas de expressão, religiosas e profanas, e de saberes e fazeres que ocupam a praça, as igrejas e as casas dos devotos. Tecida pelos paratienses como patrimônio vivo e dinâmico, a Festa do Divino está em constante diálogo com o rico conjunto arquitetônico da Cidade Histórica, dando-lhe vivacidade e constituindo fortes sentidos de identidade com este lugar de memória. Realizada há cerca de três séculos em Paraty, ao preservar símbolos e significados do período Imperial, a Festa do Divino guarda também testemunhos de nossa História, contribuindo, assim, para formar os elos da identidade brasileira”.
São 10 dias inteiros de missas, ladainhas, leilões, rifas, bingos, bebidas, comidas e danças típicas, e shows musicais. É notável observar-se que o Divino vem mantendo, ao longo dos séculos, o mesmo espírito comunitário, religioso e folclórico dos primeiros tempos. Alguns aspectos foram adaptados à realidade local como, por exemplo, a Folia do Divino, que foi suprimida: mas a festa se mantém imutável nos seus princípios básicos, como na distribuição de carnes aos pobres, comida ao povo e balas e doces às crianças: e os portugueses chamam de “vodos” do Divino.
O último fim de semana é o que mais trabalho requer: após a alvorada, no sábado de manha bem cedo, carne é distribuída aos pobres pelos festeiros exatamente como Dona Isabel fez 700 anos atrás. Ao meio dia, comida e bebida são distribuídos á população. De noite, na Matriz, um adolescente da comunidade é coroado Imperador do Divino, que assiste missa com seus vassalos e, logo após, recebe homenagens do lado de fora da igreja, com a apresentação da Dança das Fitas, do Xiba Cateretê, da Dança dos velhos e dos bonecos folclóricos de Paraty: o Boi, o Cavalinho, o Peneirinha e a Miota – ou Minhota, originária do Minho, em Portugal.
De 19 a 28 de maio a programação reúne tradição e fé. Às solenidades nas igrejas somam-se momentos importantes da Festa, como a Mega Gincana do Divino, o Show de Calouros, o almoço do Divino e as apresentações para o Menino Imperador – Marrapaiá, Dança dos Velhos, Dança das Fitas Jardineira, Banda Santa Cecília, Bonecos Folclóricos de Paraty e o Baile caiçara com a Ciranda de Tarituba.