Nos últimos cinco anos, 98% das toninhas encalhadas no litoral norte paulista foram encontradas mortas

De acordo com os dados do Instituto Argonauta, de 2017 a 2022 foram registrados 330 encalhes do menor golfinho do Brasil na região do litoral norte paulista. Neste ano, foram 26 encalhes, todos os animais foram encontrados mortos 

 

As toninhas (Pontoporia blainvillei), menor espécie de golfinho do Brasil e considerada a mais ameaçada da América do Sul, são encontradas encalhadas nas praias do litoral norte de São Paulo pela equipe do Instituto Argonauta, uma das instituições que executam o Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), mas, na grande maioria das ocorrências, sem vida.

 

Os dados são do Instituto Argonauta, que monitora o Trecho 10 do PMP-BS, compreendido entre São Sebastião e Ubatuba. “De 2017 a 2022, foram registradas 330 ocorrências pela instituição, sendo que a maioria das toninhas (98%) encalhou morta. A cidade que registrou o maior número de encalhes nos últimos cinco anos foi Ubatuba (42,4%), seguida de São Sebastião (28,7%), Ilhabela (20,3%) e Caraguatatuba (11,3%)”, detalha o presidente do Instituto Argonauta, o oceanógrafo Hugo Gallo Neto.

 

Coordenadora do PMP-BS no trecho 10 do Instituto Argonauta, a bióloga Carla Beatriz Barbosa alerta sobre os impactos aos quais a população de toninhas está sendo submetida. “Temos visto um número considerável de ocorrências de toninhas mortas, muitas com uma morte relacionada à captura acidental pela pesca, que é considerada hoje a maior
ameaça à essa espécie, seguida pela poluição do ambiente marinho”, alertou.

 

Apesar de não intencional, essa captura pode levar a espécie a um risco grave de extinção. Carla ressalta que a situação está longe de ser facilmente resolvida, porque existem também importantes questões sociais e econômicas. O atendimento aos animais vivos e mortos que são encontrados nas praias do litoral norte de São Paulo pelo Instituto Argonauta, através do PMP-BS, envolve profissionais de campo e equipes que trabalham na reabilitação, realizando o diagnóstico dos que chegam vivos, além de realizarem as necropsias dos que são encontrados mortos. (Créditos: Divulgação/Instituto Argonauta).

 

Neste ano

 

De janeiro a março de 2023, o Instituto Argonauta já contabilizou em sua base de dados do PMP-BS, um total de 26 atendimentos a ocorrências envolvendo encalhes de toninhas nas praias de Ubatuba (46%), Caraguatatuba (19%), São Sebastião (19%) e Ilhabela (15,4%). Em todos os encalhes, os animais foram encontrados mortos.

 

AMMA

 

Um dos projetos desenvolvidos pelo Instituto Argonauta, é o de Avistagem de Mamíferos Marinhos Argonauta (AMMA), que tem como objetivo implementar ações de conservação para os cetáceos que usufruem da região. Entre 2017 e 2022, o AMMA registrou 277 ocorrências de avistamentos desses animais. “A toninha é o golfinho que mais encontramos encalhados nas praias, e o segundo mais comum de ser avistado quando estamos navegando. Ele reside em águas costeiras da nossa região, e se alimenta principalmente de peixes e crustáceos”, explica a oceanógrafa do Instituto Argonauta MSc. Tami Albuquerque Ballabio.

 

 

De janeiro a março de 2023, o projeto AMMA registrou 25 avistagens da espécie que, por ser arisca e veloz, são conhecidas como “fantasminhas do mar”, já que fogem rapidamente quando uma embarcação se aproxima, sendo possível avistar apenas o seu “vulto”. Como predadores de topo, as toninhas ajudam a controlar a população de peixes e lulas, o
que é fundamental para manter o equilíbrio ecológico nos ecossistemas costeiros, e são consideradas um bioindicador da saúde dos ecossistemas marinhos, uma vez que sua presença indica a preservação de habitats importantes para a vida marinha.

 

A conservação das toninhas, portanto, contribui para a conservação da biodiversidade marinha como um
todo. As toninhas também possuem um valor cultural e econômico significativo para as comunidades costeiras que dependem dos recursos marinhos para subsistência e para o turismo. A preservação das toninhas é importante não apenas para a manutenção da biodiversidade marinha, mas também para a sustentabilidade das comunidades costeiras.
O Instituto Argonauta trabalha em parceria com outras organizações e órgãos governamentais para fortalecer a proteção das toninhas e garantir sua conservação a longo prazo.

 

Sobre o Instituto Argonauta

 

O @institutoargonauta foi fundado em 1998 pela Diretoria do Aquário de Ubatuba (@aquariodeubatuba.oficial) e reconhecido em 2007 como OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público). O Instituto tem como objetivo a conservação do Meio Ambiente, em especial dos ecossistemas costeiros e marinhos. Para isso, apoia e desenvolve projetos de pesquisa, resgate e reabilitação da fauna marinha, educação ambiental e resíduos sólidos no ambiente marinho, dentre outras atividades.

 

Sobre o PMP-BS

 

O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama.

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