Ilhabela quer transformar a cachaça em atração turística

Ilhabela, através da Secretaria de Cultura, vai implantar o Museu da Cachaça. Foto de capa: Fazenda Engenho d’Água, construída no período da produção açucareira do litoral, em meados do séc. XVIII, onde será instalado o Museu da Cachaça de Ilhabela

 

A Secretaria de Cultura, da Prefeitura de Ilhabela, está agilizando a implantação do “Museu da Cachaça” na Ilha. Para quem não sabe, Ilhabela já teve 32 alambiques e excelentes cachaças artesanais. A ideia é transformar o Museu da Cachaça em atração turística.
Segundo o secretário de Cultural da Ilha, Marquinhos Gutti, o museu será implantado nas dependências da Fazenda Engenho D’Água e, além de exposição de garrafas de cachaças produzidas na ilha, terá também, o acervo da Fazenda Cuiabá, que foi doado pelos proprietários à prefeitura.
“Ilhabela teve ao longo de sua história 32 alambiques. A produção de cachaça sempre foi importante em nossa história. Conseguimos recuperar antigos exemplares produzidos na ilha com colecionadores. O museu deve ser iniciado dentro de 45 dias”, contou Gutti.
Segundo Gutti, a criação do museu não depende de autorização do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) para ser oficialmente instalado na sede da Fazenda Engenho D’Água, onde foi produzida uma das cachaças mais saborosas da ilha. Com o museu, a cachaça se torna patrimônio cultural de Ilhabela.
Ilhabela, no passado, foi um dos maiores produtores de cachaça artesanal. A produção começou no início do século XX em 13 engenhos espalhados pela ilha, entre eles, Engenho D´Água, Ponta das Canas, Favorita, Consolo, Marafa, Bexiga, Mossão Caiçara, Cocaia, Tangará e Engenho Novo.
As cachaças eram produzidas em engenhos com rodas d’água e transportadas em pipas para Santos. Naquela época era comum pescadores trocarem farinha de mandioca produzida no continente por litros de aguardentes produzidos na ilha.
Segundo Gutti, outra iniciativa será a realização do Festival da Cachaça que deverá ocorrer em julho reunindo produtores do litoral, do Vale e sul de Minas. Atualmente, Ilhabela produz duas cachaças artesanais:  “Toca” e “Tropicália”. O aguardente utilizado na cachaça Tropicália é produzido em Paraibuna.
Tradição
O Litoral Norte produziu boas cachaças nas décadas de 60 e 70.  “Sítio Velho”, em Caraguatatuba; “Ubatubana”, em Ubatuba; “Engenho D´Agua, “ Feiticeira”, “Favorita”, “Bexiga”, Engenho Novo” e “Amansa Sogra”; em Ilhabela; e, “Rainha da Pedra” e “Paulistinha”, feitas em Paraibuna.
Em Caraguatatuba, a cachaça mais conhecida foi a “Sítio Velho”,(Foto) produzida no Porto Novo, pelos administradores da Fazenda dos Ingleses, pertencente a um grupo empresarial inglês. Segundo moradores mais antigos, a cachaça deixou de ser produzida na década de 60, pela empresa S/A Frigorífico Anglo, logo após a morte de um dos caiçaras responsável pela “fabricação” do aguardente. Os ingleses não teriam encontrado outra pessoa para manter a produção.
O interessante é que ainda hoje, no Mercado Livre, pode-se encontrar algumas garrafas a venda da “Sítio Velho”, com preço exorbitante, somente para colecionador. Existem muitas garrafas de cachaças produzidas na região nas mãos de colecionadores. A prefeitura de Ilhabela, por exemplo, conseguiu resgatar várias delas com um colecionador de Santa Catarina.

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