Institutos erram na previsão do tempo no fim de semana; prejudicados, comerciantes do litoral norte cobram mais precisão nas informações

 

Os institutos de meteorologia erraram feio na previsão do tempo no fim de semana. A Defesa Civil Estadual chegou a fazer um alerta, preocupante. Ambos, chegaram a prever ventos fortes, chuvas e até ciclone bomba, mas o tempo foi bom no sábado e domingo no litoral norte paulista.

 

Segundo comerciantes, o “erro na previsão” afugentou turistas e veranistas. O movimento de turistas teve queda de 30% em plena baixa temporada. E, no período, em que as cidades tentam retomar a economia bastante abalada com as chuvas de fevereiro e a tragédia que resultou em 65 mortes na região.

 

Comerciantes reclamam e cobram mais precisão e eficácia nas previsões por parte dos institutos de meteorologia. Para os comerciantes, os veículos de comunicação devem procurar atualizar as informações sobre o tempo na região no sábado e no domingo.

 

O Climatempo, por exemplo, criado em 1988, foi um dos institutos que alertaram sobre a previsão de mau tempo no fim de semana. “O   deslocamento de uma frente fria associada a um ciclone extratropical, além de causar bastante chuva entre a tarde de hoje (01/04) e domingo (02/04), será responsável por fortes ventanias e também pelo mar agitado até pelo menos a manhã do dia 3 de abril.

 

A previsão era de que rajadas de vento que atingem, em média, 50 km/h em toda a faixa litorânea. A Marinha alertou que essa intensificação dos ventos causada pelo sistema frontal iria causar ressaca entre os estados de Santa Catarina e do Rio de Janeiro, entre São Francisco do Sul (SC) e São João da Barra (RJ), com ondas de até 4 metros de altura.

 

A Defesa Civil do Estado também emitiu alerta, na sexta-feira, dia 31,  para condições de chuva intensa acompanhada de descargas elétricas, fortes rajadas de vento e granizo até o o domingo (2/4) com previsão de acumulados de 100 mm na região.

 

A recomendação é dar atenção especial às áreas mais vulneráveis, pois há risco de deslizamentos, desabamentos, alagamentos, enchentes e ocorrências relacionadas a raios, ventos e granizo.

 

Também foi feito um alerta sobre ressaca marítima das 21h de sábado (1º/4) às 9h de segunda-feira (3/4). A Defesa Civil recomendava evitar prática de esportes aquáticos ou influenciados pelo vento, como surf, windsurf e kitesurf.

 

Ainda na sexta-feira, dia 31, o Comitê Executivo da Operação Chuvas de Verão da Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil prorrogou a Operação Chuvas de Verão 2022/2023 que terminaria na sexta-feira (31) por mais 15 dias devido à previsão da chegada dessa nova frente fria no Estado.

 

Tempo bom

 

O sábado (dia 1º) e o domingo, dia 2 de abril tiveram tempo bom em todo o litoral norte. O sábado foi de sol e forte calor; no domingo, o tempo esteve um pouco nublado, mais também foi de calor. Na noite de sábado, caiu uma chuva leve, sem grandes transtornos.

 

A previsão “equivocada” atingiu em cheio o turista e veranista que a partir da tragédia ocorrida em São Sebastião tem ficado mais sensível as informações sobre o tempo e o clima no litoral norte. Eles, temem, em descer e serem “atingidos” pelas fortes chuvas, em deslizamentos, alagamentos e interdição de rodovias.

 

O advogado Luiz Gonzaga Siqueira deixou no sábado, às 7 horas, a cidade de Santa Branca em direção até Caraguatatuba. Foi passar o sábado, dia 1º, na Prainha, com a família, o filho Luiz e os netos Bernardo, de quatro anos e Sofia, de três anos.

 

A maior preocupação da família era retornar antes das 17 horas do sábado, pois temiam pegar a “tempestade” prevista pelos institutos de meteorologia nas rodovias Tamoios e Presidente Dutra, no retorno. Deixaram Caraguatatuba às 18 horas, sem chuva e tempestade, felizes da vida de terem aproveitado a praia com as crianças.

 

Bernardo, de 4 anos e Sofia, de 3 anos, aproveitaram o sábado na Prainha, em Caraguatatuba

 

Previsão equivocada    

 

“Sim, sempre prejudica a previsão equivocada! Ainda mais após o acontecido em São Sebastião recentemente. As pessoas estão mais receosas e atentas as previsões.  Na verdade, se analisar os último meses, eles(os institutos) mais erram do que acertaram! Até por isso, quando tem alerta (real e perigoso), a população que reside na região não acredita”, explica o hoteleiro de Caraguatatuba, Rodrigo Tavano, vice-presidente da ABIH-SP( Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Estado de São Paulo).

 

Segundo ele, a ocupação na rede hoteleira poderia ser de 20 a 30% acima do que foi registrado no final de semana se a previsão retratasse a realidade. “Ontem(sábado) por exemplo fez 30° , sol, calor e um dia lindo. (Sendo que na sexta a defesa civil emitiu alerta que parece que ia acabar em chuva, até ciclone bomba)”, contou.

 

“Na minha opinião os institutos precisam melhorar as pesquisas e as divulgações.  Pois aqui no litoral nossa principal economia é o Turismo. Sem contar outro detalhe, as vezes, em Caraguatatuba, na praia do indaiá está sol, no centro está nublado e Martim de Sá, está chovendo. Até em praias da mesma cidade tem tempo diferente por muitas vezes”, finalizou.

 

Rodrigo informa que a defesa civil, por exemplo, por vezes faz a divulgação em tom de vai acabar o mundo.  Assista abaixo o alerta feito na sexta, dia 31, pela Defesa Civil Estadual:

 

 

 

“Eles precisam talvez investir em equipamentos que diminuam os erros. E principalmente divulgar rapidamente quando não se concretiza. Pois a notícia ruim, sempre é tendência. A globo ontem divulgou em todos os jornais, Globonews e SP-TV, o cyclone bomba que iria chegar aqui a noite com chuvas de 100mm. Isso não ocorreu, mas afetou o movimento turístico”, alertou.

 

José Naldo Gomes da Silva, gerente do Quiosque do Zequinha, um dos mais frequentados na praia Martim de Sá, em Caraguatatuba, cobra mais eficácia por parte dos institutos de meteorologia. “Previsão equivocada sempre atrapalha a gente. Após a tragédia de São Sebastião, turistas e veranistas ficaram mais atentos com as informações sobre o clima e o tempo no litoral”, afirma José Naldo.

 

Segundo ele, toda informação negativa sobre o tempo afeta diretamente o turismo no litoral paulista. “O turista informado de que a previsão é de chuvas e tempo ruim a beira mar, cancela a viagem. Nosso turismo é regional, estamos a 200 kms de São Paulo, a 100 do Vale do Paraíba e a 120 do sul de Minas. Previsão ruim o pessoal deixa de descer a serra”, comentou.

 

 

 

O ambulante também reclama. Antônio Genésio, 62 anos, que vende espetinho na praia Martim de Sá, “Quem pesquisou no Climatempo, não viajou para Caraguatatuba neste fim de semana. Vou para lá e vai chover! Isso não ocorreu, tempo esteve bom no fim de semana. É preciso mais cuidado na previsão e na sua divulgação. Tive uma queda de 50% nas vendas, pois pessoal de Guarulhos, São Paulo e Minas não desceram…”, disse Genésio.

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