Estrada usada para fugir de congestionamentos na Rio-Santos era uma antiga trilha

 

Nos fins de semana e feriados prolongados aumenta o trafego de veículos na estrada que liga o bairro do Rio Escuro, no sul de Ubatuba, até o bairro Jardim Carolina, na região norte do município. Esta semana, devido as chuvas, o tráfego de veículos foi proibido para veículos pesados, por tempo indeterminado.

 

A estradinha, que tem cerca de 12 quilômetros de extensão, pista reduzida e corta parte do parque estadual da serra do mar, é usada para encurtar o acesso entre o sul e norte de Ubatuba e, também, para fugir dos engarrafamentos em trechos como o da Praia Grande.

 

Quem usa a Rio-Santo para ir da Praia Dura até o trevo de acesso à rodovia Oswaldo Cruz percorre cerca de 27 quilômetros, passando por praias como Domingas Dias, Lamberto, Santa Rita, Perequê Mirim, Enseada, Toninhas, Praia Grande e pelo trecho federal da SP-55 chegar até o trevo que dá acesso à rodovia Oswaldo Cruz.

 

Já quem optar pela estrada municipal Rio Escuro/Jardim Carolina irá percorrer 12 quilômetros, passando pelos bairros do Rio Escuro e Monte Valério e cruzando um trecho de 1,2 quilômetro dentro do parque estadual do Núcleo Picinguaba.

 

Viajar pela Rio-Santos é bem mais confortável. Duas pistas asfaltadas, boa sinalização, velocidade variando de 60 a 80 km/h e serviço de apoio ao longo dos 27 kms entre o Rio Escuro e o trevo de acesso à rodovia Oswaldo Cruz.

 

Pela estrada municipal, o motorista terá pista reduzida, variando de 6 a 9 metros de largura, três pontes, duas de concreto (a maior delas com 6 metros de largura por 7 de comprimento) e uma de madeira, medindo 5 de largura por 4 de comprimento.

 

O motorista também terá pela frente um trecho de serrinha de 1,2 kms, justamente dentro do parque estadual, onde a pavimentação é de broquete. A sinalização vertical atende aos motoristas, mas a sinalização horizontal é deficitária. A velocidade média recomendada na estrada municipal é de 40 kms/h.

 

Ilustração de Leonardo Copelli, em seu trabalho de graduação em Engenharia Civil da UNESP, em 2015

 

Trilha

 

O ex-prefeito e historiador Zizinho Vigneron conta que a estrada do Rio Escuro era na verdade uma antiga trilha aberta no século XIX que no século XX foi sendo melhorada e transformada em estrada.

 

“Ela era conhecida como estrada da Berta (nome do Morro que forma uma serrinha para chegar no Rio Escuro). Zizinho foi diretor da Sudelpa que durante muitos anos cuidou da manutenção da estradinha onde existem muitos agricultores.

 

Em 2015, Leonardo Copelli, em seu trabalho de graduação em Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá(UNESP), fez um estudo aprofundado da estrada municipal. Segundo ele, a estrada originalmente seria trajeto da Rodovia Federal BR-101, conforme projeto do Dnit(Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte).

 

Segundo seus estudos, a estrada servia para escoar a produção agrícola desenvolvida entre o bairro do Rio Escuro e a comunidade do Sertão das Cotias, que era destinada à capital paulista, possivelmente o Ceagesp. Na região, se produzia na época, berinjela, abobrinha, pimenta e jiló.

 

O ex-prefeito Delcio Sato, disse que em seu governo, entre 2016 e 2020, conseguiu licenciamento para pavimentar 800 metros da estrada no interior do parque estadual e uma passagem paralela para animais.

 

Sato explicou que a estrada é usada para desafogar o trânsito na Rio-Santos e também, para agilizar serviços. “Ambulâncias e carros de prestadores de serviços, como água e energia elétrica, utilizam a estrada para agilizar atendimentos e fugir do congestionamento nos trechos como o da Praia Grande”, comentou.

 

 

Jaur Carpenetti, morador de Ubatuba, disse que sempre usa a estrada nos fins de semana quando viaja até Caraguatatuba para visitar seus parentes. “Além de economizar combustível, também economizo no tempo. Pela Rio-Santos, perderia mais de meia hora para ir do norte para o sul de Ubatuba”, afirmou.

 

A jornalista Malu Baracat, que mora em Ubatuba, mas trabalha em Caraguatatuba, garante que nos feriados e nos fins de semana da temporada de verão utiliza a estrada municipal para cortar caminho entre as duas cidades.

 

“Em dias de movimento encurta em 30 minutos a viagem”, confirmou. Ela recomenda, no entanto, muito cuidado ao volante para quem não está acostumado a usar a estrada: “Tem que ter muita atenção pois é uma pista estreita com uma serrinha mas, depois que o Sato(ex-prefeito) calçou o restante que não era calçado, ficou ótima!’, contou

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