A Marinha do Brasil enviou para São Sebastião o Navio-Aeródromo Multipropósito “Atlântico”, maior navio da Força, em apoio às ações da Defesa Civil no socorro às vítimas das fortes chuvas que assolaram a região nos últimos dias.
O navio chegou em São Sebastião na quinta-feira, dia 23, ficando atracado no porto da Dersa, na região central, prestando ajuda as vítimas da tragédia. Na segunda-feira (27), o Navio Aeródromo Multipropósito ‘Atlântico’, da Marinha do Brasil, deixou o porto e foi posicionado e ancorado próximo à Juquehy e Barra do Sahy, mais perto das áreas mais atingidas pelas fortes chuvas.
Na noite de ontem, sexta-feira(3), o navio seguiu em direção ao porto de Santos onde permanece até domingo(5) para reabastecimento de gêneros alimentícios e água, combustível, além da troca de fuzileiros navais e a retirada do lixo. A embarcação retorna na segunda-feira, dia 6, para as proximidades de Juquehy e Barra do Sahy, Segundo a Marinha, no sábado e domingo, dias 4 e 5, ocorrerão normalmente as atividades no hospital de Campanha e apoio à desobstrução de vias e transporte de donativos.
A Marinha do Brasil comunicou à população, com ajuda da prefeitura, que o Hospital de Campanha localizado em Juquehy, na Costa Sul de São Sebastião, funciona normalmente neste fim de semana para atendimento médico com clínica geral e pediatria, distribuição de medicamentos, troca de curativos, entre outros.
Isso significa que a população que precisar passar por atendimento básico pode procurar a unidade que tem toda uma estrutura e profissionais para receber quem precisa. O Hospital de Campanha funciona das 8h às 16h. Ele está instalado só lado do Programa Saúde da Família 2, em Juquehy.
“Estamos empenhados e comprometidos em levar esperança e solidariedade para as vítimas deste desastre natural. A prontidão dos navios, aeronaves e unidades de fuzileiros navais, nossos homens e mulheres, marinheiros e fuzileiros navais, é o que temos de melhor para oferecer para amenizar o sofrimento dessas pessoas”, destacou o Comandante em Chefe da Esquadra, Vice-Almirante Edgar Luiz Siqueira Barbosa.
Trinta leitos do HCamp já chegaram à região prontos, a bordo do navio “Atlântico”, montados ainda durante a sua travessia do Rio de Janeiro até o porto de São Sebastião. O HCamp estará aberto ao público, diariamente, das 8h às 18h. O hospital, que é de responsabilidade da Unidade Médica Expedicionária da Marinha, tem estrutura com Consultório Médico (Clínico Geral), Consultório Pediátrico, um leito de Serviço de Estabilização do Paciente e seis leitos de enfermaria e curativos.
Segundo o Diretor da Unidade Médica Expedicionária da Marinha, Capitão de Fragata médico Carlos Gustavo Fávre Drumond, a estrutura montada pela Marinha fornece, no primeiro momento, um atendimento básico. “Serão oferecidos módulos de atendimento médico ambulatorial, odontológico e sala de curativos. Conforme a demanda, a proposta é ir aumentando esses atendimentos”, ressalta.
Navio
O navio foi construído em 1998, originalmente como HMS Ocean, pelo estaleiro Vickers Shipbuilding and Engineering,em Glasgow, na Escócia. Era o navio destaque da Marinha Real Britânica. O termo HMS se refere Her Majesty Ship- o navio de sua majestade.
O navio tem 203,4 metros de comprimento, 35 metros de altura, pesa 21 mil toneladas, tem6,5 metros de calado e navega a uma velocidade máxima de 18 nós, cerca de 33 km/h, através de dois motores Crosaley Pielstick de 12 cilindros cada um. Tem autonomia para navegar 13.000 quilômetros.
O navio tem capacidade para transportar até 1.400 militares, 18 helicópteros e 40 caminhões. Tem quatro canhões e oito metralhadoras. No Brasil, é utilizado como navio de assalto anfíbio, um tipo de porta-helicópteros.
Como HMS Ocean, serviu durante 20 anos na Marinha Real do Reino Unido, sendo projetado para operações navais anfíbias, com ênfase em desembarque de tropas, principalmente os Royal Marines, e apoio com helicópteros de ataque e transporte.
No seu histórico de serviço, consta ações humanitárias em Kosovo e na América Central. No ano 2000, participou da Operação Palliser, a intervenção britânica na Guerra Civil de Serra Leoa. Esteve em ações no Oriente Médio, serviu na Guerra do Iraque (Operação Telic). Em 2009, foi deslocado para a Ásia, sendo que no ano seguinte prestou ajuda humanitária durante as erupções do Eyjafjallajökull. Em 2011, por sua vez, participou da Operação Unified Protector, durante a intervenção militar na Guerra Civil Líbia.
Em 2012, retornou para a Inglaterra em 2012, quando passou por reformas e posteriormente participou de exercícios navais com nações aliadas. O comando da marinha britânica tinha anunciado a aposentadoria do navio para 2018.
A Marinha Britânica investiu na recuperação da embarcação que em 2018 acabou sendo vendida para a Marinha Brasileira por £84 milhões de libras, cerca de R$ 359,5 milhões.
Conheça mais detalhes do navio:
- 06 helicópteros do Comando da Força Aeronaval.
- 03 Embarcações de Desembarque de Viatura e Pessoal, com capacidade para embarque de 35 pessoas cada.
- 01 Lancha de transporte de pessoal (20 pessoas).
- 01 Lancha Operativa do tipo Pacific.
- 01 Equipe de Pronto Emprego do Centro de Medicina Operativa da Marinha, composta por 28 médicos e militares da área de saúde de diferentes especialidades, incluindo pediatras.
- Centro Médico do Navio-Aeródromo Multipropósito “Atlântico” com médicos das seguintes especialidades: Ortopedista, Cirurgião Geral, Anestesista, Clínico Geral, além de Farmacêutico, Cirurgião Dentista, Técnicos em Enfermagem, Auxiliar de Higiene Bucal e Auxiliar de Laboratório (patologia clínica).
- Estoque de Saúde de Reação Primária.
Um Grupamento Operativo com 180 Fuzileiros Navais, da Força de Fuzileiros da Esquadra, com maquinário composto por microcarregadeiras, ambulâncias e pá carregadeira, para ajudar na desobstrução de vias e demais necessidades