Defesa Civil tem mapa de mais de 4 milhões morando em áreas de risco

Estudos feitos em 2018 constavam que, na época, cerca de 20 mil moradores viviam em áreas de risco em São Sebastião 

O Brasil tem hoje já mapeadas pela Defesa Civil Nacional aproximadamente 14 mil pontos de riscos altíssimos de desastre e 4 milhões de pessoas morando nessas áreas. A informação foi dada à Agência Brasil pelo ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes ontem, terça-feira (21).

Waldez Góes falou também sobre a tragédia causada pelas fortes chuvas no litoral norte de São Paulo que causou deslizamentos em áreas de risco. De acordo com o ministro, desde quinta-feira (16), devido aos alertas de chuva, a Defesa Civil Nacional teve reuniões com autoridades dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia.

Segundo ele, o Brasil tem um sistema de Defesa Civil bem estruturado e organizado. “Temos uma comunicação vertical muito assertiva no que diz respeito estados e União”. Porém, Góes acredita que muitos municípios ainda precisarem se organizar mais.

O ministro disse que a população resiste muito em acreditar nos alertas. “É bom a gente lembrar quem está lidando com informações. As pessoas, às vezes, tendem a querer acreditar que não vai acontecer [um desastre]. Então acabam ficando nas suas casas, ou se deslocando [para o local onde foi dado o alerta], como é o caso do litoral paulista norte, uma região belíssima, de turismo muito forte, sempre muito buscada nesses períodos”.

O ministro lembrou que, além dos moradores, que são milhares de pessoas, parentes ou pessoas a trabalho ou a lazer, se deslocam para a região nesse período carnavalesco. “Então tudo isso ainda aumenta mais as possibilidades de risco serem ainda mais iminente”, avaliou.

Litoral Norte

Em São Sebastião, cidade mais atingida pelas chuvas no litoral norte paulista, um estudo feito em 2018, apontou que o município praiano tinha em mais de 30% de sua população residente em áreas de alta vulnerabilidade social. Ou seja, cerca de 20 mil pessoas ocupavam áreas de risco, na época. Os dados pertenciam ao Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (IPVS). Esse dado pode ser somado às suas características ambientais, que acabam por potencializar situações de risco.

Esses dados foram levantados em uma tese para a Unicamp(Universidade de Campinas),em 2018, feita pelo pesquisador Maico Diego Machado. Ele estudou por quatro anos essa sobreposição de vulnerabilidade social da população local e a respectiva fragilidade ambiental, que pode ser natural ou provocada pela ação humana.

Em sua tese, o pesquisador constatou que as zonas próximas às praias têm uma vulnerabilidade social baixíssima e ambiental, que acaba sendo superada pelos investimentos, a população mais vulnerável estava nas áreas centrais do município, que são as mais desvalorizadas em relação ao tempo, ou naquelas em torno do Parque Estadual da Serra do Mar, já nas encostas da formação serrana, com menos estrutura, pouca capacidade de reação e expostas a uma situação de maior fragilidade do ambiente”, explicou Machado.

Assistência

Segundo o Secretário Nacional de Defesa Civil, Wolnei Wolff, os próximos dias ainda devem ser de tensão, já que a previsão é ainda de muita chuva na região. “Estão previstas entre 100 e 150 milímetros. Nós estivemos ontem lá [São Sebastião] e o dia estava bastante tranquilo, ensolarado, mas à noite a gente sabe que caiu uma chuvinha. Para região da Serra da Mantiqueira, a previsão para hoje é em torno de 250 milímetros de chuva”, alertou.

Já o ministro Waldez Góes disse que, nesse primeiro momento, o plano de trabalho está focado em assistência às cidades de São Sebastião, Ilhabela, Ubatuba, Carapicuíba, Bertioga e Guarujá.

“São mais de 600 homens e mulheres atuando no resgate de pessoas, limpando, desobstruindo estradas, encontrando mortos, levando pessoas para hospitais, distribuindo água, transportando gente com a aeronave. Então, isso tudo já é força tarefa da Defesa Civil integrada. É o governo federal do presidente Lula, governo municipal e governo estadual. Então já há uma atuação muito forte”, disse, lembrando que em 24 horas as chuvas na região de São Sebastião superaram os 600 milímetros.

Em outra frente, segundo o ministro, as prefeituras das cidades atingidas, que já tiveram estado de calamidade reconhecidas, trabalham na elaboração dos planos de trabalho para que sejam feitas as transferências de recursos financeiros e iniciar os trabalhos que restabeleçam a situação de normalidade e de reconstrução das cidades.

“Tudo aquilo que for necessário reconstruir, tendo o plano de trabalho, o governo do presidente Lula autoriza a apoiar. Nós temos mais 1.300 municípios no Brasil com problema de situação de emergência já decretada e homologada pela Defesa Civil Nacional, e que têm recebido apoios mais distintos. Temos recursos. O que ocorre é que a gente precisa dos planos de trabalho”, explicou Góes.

Waldez Góes ressaltou o trabalho integrado do governo federal com as prefeituras e governo do estado de São Paulo, e como exemplo, disse que programas de habitação como o Minha Casa, Minha Vida, podem ser priorizados em cidades afetadas ou com muitas pessoas em áreas de risco.

Por Agência Brasil/ Edição: Fernando Fraga

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