Mar Sem Lixo: pescadores já recolheram 1.740 quilos de resíduos no mar

Mar sem Lixo, programa pioneiro desenvolvido no litoral paulista, une institutos e pescadores artesanais.  Primeira fase do programa conta com a participação de 65 pescadores artesanais de três municípios. Eles recebem pelo lixo recolhido do mar durante as pescarias

 

São  28 pescadores artesanais de Ubatuba cadastrados no programa Mar Sem Lixo; 20 em Itanhaém; e, 17 em Cananéia.  Eles já recolheram do mar 1.740 quilos de lixo em sete meses do programa, entre julho de 2022 e fevereiro de 2023.

 

O resíduo mais recolhido do mar pelos pescadores foi o plástico, cerca de 93% dos 1.740 quilos de lixo retirados das águas pelos pescadores. O restante composto por metal, vidro, papelão e isopor.

 

Participam do projeto piloto, 28 pescadores de Ubatuba, 20 de Itanhaém e 17 de Cananéia. Em Ubatuba, o Ponto de Recebimento de Resíduos do Mar (PRRM) fica localizado na Ilha dos Pescadores, na região central e funciona das 9h às 16h.

 

Como foi iniciado o período de defeso do Camarão, que vai de 28 de fevereiro até 30 de abril, e a captura proibida, os pescadores não estão saindo para pescar, por isso a coleta de lixo no mar foi suspensa para os pescadores cadastrados.

 

Como os pescadores permanecem em terra, enquanto durar o defeso, estão sendo desenvolvidas atividades de Educação Ambiental em diversos pontos da cidade, inclusive, na Ilha dos Pescadores.

 

Ente as atividades ambientais desenvolvidas: Campanhas de limpeza de praias, rios e costões;  Campanha de substituição de embalagens plásticas e isopores junto ao comércio local; Apoio às cooperativas de catadores, instalação de Ecobarreiras, atividades ambientais nas escolas; Campanhas nas cidades e redes sociais; ações em parcerias com Prefeituras e outros parceiros.

Ubatuba

Pescadores de Ubatuba puderam participar recentemente de uma apresentação dos resultados e a avaliação sobre o andamento do Projeto PSA “Mar sem Lixo” – desenvolvido pelo Governo do Estado de São Paulo. Em Ubatuba são 28 pescadores atualmente cadastrados no projeto, em média 61% estão realizando entregas.

Os pescadores cadastrados de Ubatuba já retiraram e entregaram 578,6 kg de lixo do fundo do mar em 7 meses de projeto e receberam o valor total de R$ 7.935,00 pelo serviço ambiental prestado.

O projeto, que teve início em junho de 2022 em Ubatuba, incentiva pescadores a recolherem resíduos sólidos no ambiente marinho inserido no território das Áreas de Proteção Ambiental Marinhas (APAs Marinhas) do Estado, ao mesmo tempo em que reconhece o serviço prestado por esses profissionais por meio do mecanismo de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), contribuindo para a recuperação da qualidade ambiental, a melhoria dos serviços ecossistêmicos prestados pelo oceano e um maior engajamento nesse desafio.

Além da questão operacional, que envolve a logística da retirada de lixo do mar, o projeto propicia a geração de dados sobre os resíduos sólidos encontrados, ainda primários no Brasil. O projeto conta com um total de 65 pescadores cadastrados sendo: 28 em Ubatuba, 20 em Itanhaém e 17 em Cananéia. Desse total, cerca de 51% estão realizando entregas.

Os pescadores cadastrados já retiraram e entregaram um total de 1.740,71 kg de lixo do fundo do mar em 7 meses de projeto. E receberam o valor total de R$ 17.795,00 pelo serviço ambiental prestado.

Do lixo recolhido no mar, 95% dos itens é plástico, e somente 8,5% é reciclável. Estima-se que cerca de 150.000 mil itens plásticos foram retirados do fundo do mar e destinados à coleta do município, até o mês de dezembro de 2022.

Programa

 

O programa é importantíssimo e foi iniciado em 2022 pela Fundação Florestal. Pescadores artesanais que atuam na pesca de arrasto de camarão, cadastrados em Ubatuba, Itanhaém e Cananéia, recebem um pagamento por Serviço Ambiental, ou seja, pela remoção do resíduo(lixo) capturado(recolhido) durante a atividade pesqueira.

 

O lixo recolhido na pescaria e armazenado e levado nos pontos de recebimento de resíduos do mar(PRRM). O lixo é pesado e o pagamento é feito por quilo recolhido.

 

O pescador cadastrado no programa pode faturar de R$ 100,00, se recolher 20 quilos mensais de lixo, até R$ 600,00 por mês, neste caso tem que recolher 100 quilos de resíduos durante a pescaria.  O pagamento é feito através de um cartão alimentação.

 

O programa é diferenciado e inovador pois além de criar mecanismo de incentivo à remoção de resíduos sólidos do ambiente marinho capturados acidentalmente durante a atividade de pesca artesanal e remunera os pescadores pelo serviço ambiental, um dinheirinho a mais para aumentar a renda dos pescadores artesanais.

 

É importante destacar que o lixo recolhido do mar impede a morte de várias espécies de animais marinhos. Segundo a Fundação Florestal, na fauna marinha, os efeitos negativos do lixo marinho são documentados em mais de 1.400 espécies.

 

Diariamente, mais de 660 espécies são impactadas diretamente por resíduos, levando-as à morte por inanição e asfixia. Sabe-se que 90% das aves marinhas possuem fragmentos plásticos em seu estômago e que, no mínimo, mil tartarugas marinhas morrem todos os anos por ingestão de plástico ou emaranhamento de lixo.

 

O programa Mar Sem Lixo busca patrocinadores para expandir o projeto para os pescadores artesanais de arrasto de camarão que atuam nas APAS Marinhas dos 15 municípios do litoral paulista.

 

O programa é coordenado pela Fundação Florestal, mas tem muitos colaboradores, entre eles: o Instituto de Pesca, o Instituto Oceanográfico da USP, a Cetesb, o Instituto de Pesquisas Ambientais, associações de pescadores, associação de coletores de resíduos sólidos e prefeituras.

 

 

Lixo

Segundo a Fundação Florestal, entre os desafios enfrentados para a conservação das APAMs está a presença de resíduos no ambiente marinho, cujos impactos sobre o ecossistema, fauna e sobre as atividades pesqueiras já são amplamente conhecidos. Papel, tecido, madeira, metal, plástico, vidro, borracha, entre outros, são alguns dos materiais encontrados no mar, originados a partir de diversas atividades humanas.

Na fauna marinha, os efeitos negativos do lixo marinho são documentados em mais de 1.400 espécies. Diariamente, mais de 660 espécies são impactadas diretamente por resíduos, levando-as à morte por inanição e asfixia. Sabe-se que 90% das aves marinhas possuem fragmentos plásticos em seu estômago e que, no mínimo, mil tartarugas marinhas morrem todos os anos por ingestão de plástico ou emaranhamento de lixo.

Além disso, certa quantidade de microplástico é inevitavelmente absorvida por humanos ao se alimentarem de peixes, crustáceos e frutos do mar. Estudos recentes estimaram que, em média, os humanos podem ingerir 0,1–5g de microplásticos semanalmente por meio de várias vias de exposição, em um cenário global.

Estima-se que 12 milhões de toneladas de lixo são lançadas no mar por ano no mundo. Do total, estudos registram que 80% é composto por plástico e que 1% do lixo permanece na superfície ou acumulados nas zonas costeiras, tais como praias, estuários e costões e 99% está presente no fundo de oceanos, assoalho marinho e na coluna d´água.

*Com informações da Fundação Florestal-SIMA-SP/ Prefeitura de Ubatuba/ Área de Proteção Ambiental Marinha do Litoral Norte (APAMLN)

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