“Oceano sem Mistérios: A relação dos brasileiros com o mar”- conheça pesquisa pioneira feita pela Fundação Boticário

A partir deste domingo, dia 29, o portal Notícias das Praias Pesquisa divulgará dados da pesquisa  “Oceano sem Mistérios: A relação dos brasileiros com o mar”, realizada o ano passado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza em parceria com a UNESCO e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e apresentada durante a
Conferência dos Oceanos da Organização das Nações Unidas (ONU), realizada entre o dias 27 de junho e 1º de julho em Lisboa, Portugal. Foto Capa: Praia do Bonete/Ilhabela

 

A divulgação da pesquisa, que conta com a devida autorização da Fundação Boticário, é importante para orientar e sensibilizar milhares de turistas que usufruem das praias do Litoral Norte Paulista e Sul-Fluminense sobre a importância das preservação das praias e dos oceanos. O estudo ouviu 2 mil pessoas, homens e mulheres entre 18 e 64 anos, de todas as classes sociais, nas cinco regiões do país.

 

O Notícias das Praias vai publicar todos os dados apurados pela pesquisa entre eles: ” 75% dos brasileiros vão à praia ao menos uma vez por ano”,  “10% da população brasileira nunca foram à praia”,  “61% dos turistas afirmam praticar o turismo responsável”,  “Ambientes como costões rochosos, manguezais, recifes de coral, restingas e falésias são menos conhecidos e visitados por parcelas da população” e  “Turismo responsável é capaz de aliar o desenvolvimento econômico à conservação da biodiversidade marinha”.

 

“A pesquisa nos permite compreender a relação das pessoas com ambientes costeiros e marinhos e como a sociedade entende a influência do oceano no seu dia a dia. Também nos mostra como o brasileiro percebe os impactos de suas ações e seus hábitos. De forma pioneira, buscamos identificar comportamentos existentes na população de um país continental e perceber como as pessoas estão dispostas a adotar novos comportamentos em favor dos ambientes marinhos”, explica Malu Nunes, diretora executiva da Fundação Grupo Boticário.

 

“Os resultados são animadores e desafiadores. Entendemos que há uma grande lacuna de conhecimento sobre o oceano e seus ambientes. O turismo responsável pode ser uma ferramenta estratégica nesse processo de conscientização e engajamento, além de aliar o desenvolvimento socioeconômico aos esforços de conservação da biodiversidade”,
completa Malu.

 

O levantamento mostrou que 20% dos brasileiros vão à praia a cada 15 dias ou menos, 16% vão uma vez por mês e 14% uma vez a cada semestre e 25% uma vez por ano. Portanto, ao somar a frequência de visitação às praias, cerca de 159 milhões de brasileiros – 75% da população – devem ter contato com esse ambiente ao menos uma vez por ano.
Nove em cada 10 brasileiros já visitaram a praia ao menos uma vez na vida. Contudo, em regiões mais afastadas do mar, esse número muda. No Centro-Oeste, apenas 55% dos entrevistados dizem já ter ido à praia, enquanto no Norte esse indicador chega a 79%.

 

 

Em relação a outros ambientes costeiros e marinhos existentes no Brasil, o nível de conhecimento e a frequência das visitas são menores. Costões rochosos já foram visitados por 47% da população, seguidos pelos manguezais (42%), dunas (41%), estuários (32%), restingas (28%), recifes de corais (25%) e falésias (23%). O levantamento também mostra que parcelas consideráveis da população sequer ouviram falar de alguns desses ambientes, como falésias, com 40% de
desconhecimento, restinga (37%) e estuário (32%). A restinga se destaca na região Sul, onde 45% dos moradores já visitaram este tipo de local, enquanto o contato com recifes de coral é maior no Nordeste (36%).

 

Na opinião dos pesquisadores, esses dados podem ser reflexo da falta de informação sobre os ambientes costeiros por parte dos brasileiros, que não reconhecem e diferenciam os variados ecossistemas. A pesquisa mostra ainda que a maioria dos brasileiros pouco se informa sobre os ambientes marinhos. Os entrevistados que raramente ou nunca buscam informações sobre o oceano somam 47%. Por outro lado, as pessoas que sempre buscam se informar sobre o tema representam 27%, enquanto 6% têm o hábito de se informar a maioria das vezes e 14%, às vezes.

 

Turismo responsável

 

A pesquisa investigou também os hábitos e comportamentos das pessoas quando estão próximas ao mar. A maioria da população – 61% – afirma sempre praticar o turismo responsável, enquanto 7% declararam que a prática ocorre na maioria das vezes. O porcentual de pessoas que afirmam praticar o turismo com responsabilidade às vezes, raramente, nunca ou que não soube responder, somado, chega a 32%.

 

“O turismo em áreas naturais tem grande força no Brasil, atraindo brasileiros e estrangeiros. Nosso país é reconhecido pelas belas paisagens e praias. Entender como esse turismo ocorre é de extrema importância para inibirmos a prática
predatória, que coloca em risco ecossistemas e a biodiversidade. Esse resultado destaca o desafio de desenvolver uma cultura oceânica que engaje e demonstre como isso pode ser feito, reforçando como este ambiente influencia e é influenciado pelas ações da sociedade”, afirma Fábio Eon, coordenador de Ciências da UNESCO Brasil.

 

A população, em sua maioria, também desconhece a procedência dos alimentos consumidos, especialmente em relação aos pescados e frutos do mar. Os entrevistados nunca (36%) ou raramente (10%) conhecem a origem dos peixes consumidos, podendo assim ter no prato espécies em risco de extinção, como o cação, nome genérico para todas as espécies de tubarão e raia pescados. Os entrevistados que sempre buscam conhecer a procedência dos alimentos representam 31%, sendo 6% a maioria das vezes e 11% às vezes.

 

“Promover o consumo consciente, seja no litoral ou em qualquer parte do país, é um dos caminhos para mantermos um meio ambiente equilibrado, com um oceano saudável e resiliente. Além de políticas públicas, iniciativas de empresas e
organizações da sociedade civil organizada para reverter pressões e ameaças atuais ao oceano, os turistas e consumidores também podem fazer a diferença. É preciso lembrar que estamos conectados ao oceano de muitas formas e todos precisamos cuidar dele”, afirma Ronaldo Christofoletti, professor do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), copresidente do Grupo Assessor de Comunicação para a Década do Oceano da Unesco e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN).

 

Esportes, lazer e bem-estar

As atividades preferidas dos brasileiros quando estão próximos do mar são tomar banho de mar (51%), andar na praia (32%), tomar banho de sol (20%), aproveitar a gastronomia local (19%) e praticar esporte (17%). Aparecem também entre as atividades mais lembradas admirar a paisagem (15%), relaxar (10%), brincar na areia (8%), meditar e refletir (6%) e fazer trilha (3%).

 

Entre os praticantes de esportes à beira mar, o futebol foi o mais mencionado, com 47%, seguido pelo voleibol (19%), o surf (11%), a corrida (9%), o futevôlei (6%) e frescobol (5%).

 

Década do Oceano

A ONU declarou o período de 2021 a 2030 como a Década do Oceano, que tem como um dos principais objetivos, justamente, incentivar a geração de conhecimento para a sociedade. A pesquisa aponta, porém, que apenas 0,3% dos brasileiros já estão informados sobre a Década, enquanto 6% apenas ouviram falar sobre o assunto e 93% ainda não conhecem nada sobre o tema, o que demonstra a importância da comunicação para mudar esta realidade.

 

“O estado de conservação do oceano é bastante preocupante. Uma avaliação global da ONU mostrou que precisamos de
ações urgentes para reverter o quadro de degradação e ameaça à biodiversidade e aos ecossistemas”, alerta Fábio Eon, coordenador de Ciências da UNESCO Brasil.

 

Sobre a pesquisa

 

As entrevistas realizadas pela Zoom Inteligência em Pesquisas ocorreram entre os dias 5 de março e 12 de abril de 2022. Entre os entrevistados, 62% residem em capitais e 41% vivem em cidades litorâneas. A margem de erro é de 2,2% para um nível de confiança de 95%.

 

Sobre a Fundação Grupo Boticário

 

Com 31 anos de história, a Fundação Grupo Boticário é uma das principais fundações empresariais do Brasil que atuam para proteger a natureza brasileira. A instituição atua para que a conservação da biodiversidade seja priorizada nos negócios e em políticas públicas e apoia ações que aproximem diferentes atores e mecanismos em busca de soluções para os principais desafios ambientais, sociais e econômicos. Já apoiou cerca de 1.600 iniciativas em todos os biomas no país. Protege duas áreas de Mata Atlântica e Cerrado – os biomas mais ameaçados do Brasil –, somando 11 mil
hectares, o equivalente a 70 Parques do Ibirapuera. Com mais de 1,2 milhão de seguidores nas redes sociais, busca também aproximar a natureza do cotidiano das pessoas. A Fundação é fruto da inspiração de Miguel Krigsner, fundador de O Boticário e atual presidente do Conselho de Administração do Grupo Boticário. A instituição foi criada em 1990, dois anos antes da Rio-92 ou Cúpula da Terra, evento que foi um marco para a conservação ambiental mundial.

Sobre a Rede de Especialistas

A Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN) reúne cerca de 80 profissionais de todas as regiões do Brasil e alguns do exterior que trazem ao trabalho que desenvolvem a importância da conservação da natureza e da proteção da biodiversidade. São juristas, urbanistas, biólogos, engenheiros, ambientalistas, cientistas, professores universitários – de referência nacional e internacional – que se voluntariaram para serem porta-vozes da natureza, dando entrevistas, trazendo novas perspectivas, gerando conteúdo e enriquecendo informações de reportagens das mais diversas editorias. Criada em 2014, a Rede é uma iniciativa da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Os pronunciamentos e artigos dos membros da Rede refletem exclusivamente a opinião dos respectivos autores.

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