Implantação do enrocamento e do Parque Municipal do Juqueriquerê devem expandir turismo náutico em Caraguatatuba

Juqueriquerê, em Caraguatatuba,  é o maior rio navegável do Litoral Norte, tem cerca de 13 quilômetros de extensão e inúmeras atrações naturais e culturais  

Os investimentos na ordem de R$ 50 milhões que estão sendo feitos pela prefeitura municipal de Caraguatatuba na implantação do enrocamento do Rio Juqueriquerê, buscando melhorar a navegabilidade no rio, e, também, do Parque Municipal do Juqueriquerê, deverão aumentar o turismo náutico na costa sul de Caraguatatuba.

 

Enrocamento custará R$ 43 milhões

 

O Juqueriquerê, que é o maior rio do litoral norte paulista, com cerca de 13 quilômetros de extensão, tem inúmeras atrações entre a sua nascente e foz. A história de Caraguatatuba tem profundas relações com o Juqueriquerê, que em tupi-guarani significa planta dorminhoca ou sensitiva, uma plantinha que ao ser tocada murcha e que existe em abundância em suas margens.

 

A cidade começou a ser povoada no início de 1600, através das sesmarias, e a primeira que se conhece ocupou a bacia do Rio Juqueriquerê em 1609, doada pelo capitão-mor Gaspar Conqueiro aos antigos moradores de Santos, Miguel Gonçalves Borba e Domingos Jorge, como prêmio por serviços prestados a Capitania de São Vicente. O Juqueriquerê serviu como o divisor das Capitanias de Santo Amaro e São Vicente.

 

O Juqueriquerê é o maior rio navegável do Litoral Norte. É formado pelo encontro dos rios Pirassununga e Camburu e tem 13 quilômetros de extensão entre sua nascente e a foz na praia da Flexeiras, onde deságua. Tem profundidade que varia de 2,10 a 1,30 metros. Em sua foz, bastante assoreada, em períodos de maré baixa, sua profundidade chega a atingir 30 centímetros. Por isso, a necessidade do enrocamento em construção pela prefeitura.

 

Além da beleza e riqueza dos seus manguezais, da rica flora e fauna e da comunidade caiçara que vive em suas margens, o rio tem muitas outras atrações. Entre 1636 e 1948 serviu como divisa entre São Sebastião e Caraguatatuba. Em 1948, um decreto estadual transferiu a divisa para o rio Perequê-Mirim.

 

Entre 1927 e 1967, um porto instalado às margens do rio, foi responsável pela exportação de madeira, laranja e banana, entre outros produtos, para a Inglaterra, oriundos da Fazenda São Sebastião, mais conhecida como Fazenda dos Ingleses.

 

O Juqueriquerê corta importantes bairros de Caraguatatuba como o Porto Novo, Barranco Alto e Morro do Algodão e nas suas margens existem várias marinas, hotéis, pousadas e condomínios. Algumas obras chamam a atenção.

 

As margens do rio, além de obras modernas, como o novo traçado do contorno Sul da Tamoios, entre Caraguatatuba e São Sebastião e base de gás da Petrobrás, uma ponte em arcos, construída na década de 30 merece destaque. Existem apenas duas deste tipo no Estado de São Paulo, segundo o DER.

 

 

Ponte entre arcos sobre o rio, no bairro do Porto Novo, feita na década de 30, só existem duas no Estado

 

 

A ponte com quarenta metros de comprimento por oito metros de altura (arcos) é considerada uma verdadeira obra de arte pela engenharia. Nas décadas de 20 e 30, pontes com arcos, eram necessárias para dar sustentação a grandes vãos como era o caso do rio Juqueriquerê. Antes da construção da ponte, moradores, animais e carros eram transportados por chatas de madeira que cruzavam o rio.

 

Às margens do rio pode-se avistar a Fazenda Serramar, antiga Fazenda dos Ingleses, da família Pelerson Soares Penido, que mantém criação de gado e tem projetos de novos condomínios na região. A família é proprietária do Serramar Shopping.

 

 

Enrocamento

 

 

A Prefeitura de Caraguatatuba está investido mais de R$ 43 milhões nas obras do enrocamento dos molhes Norte e Sul na foz do rio Juqueriquerê, que irá melhorar a navegabilidade do rio, beneficiando a comunidade pesqueira e as marinas que existem na região. A obra seve ser finalizada em 2023, segundo prefeito Aguilar Júnior.

 

 

Parque

 

 

O Parque Municipal do Juqueriquerê, localizado no Porto Novo, vai contemplar um Centro de Educação Ambiental com 240,31 m², alojamento para pesquisadores com 206,38 m², dois Centros de Estudo com 64 m² cada, um Orquidário também com 64 m², um Observatório de 40,82 m² e um Deck de 51,25 m².

Também haverá espaço para caminhada e ciclovia que levam para uma área de contemplação do rio Juqueriquerê, o maior navegável da região. Totalmente integrado à natureza, o parque está sendo construído em uma área de 5,2 mil e tem um investimento na ordem de R$ 1,2 milhão.

 

Aventura

 

 

Algumas empresas já exploram passeios náuticos no rio Juqueriquerê. A Costa Norte Aventuras é uma delas. A empresa oferece passeios ao longo do rio de stand-up, caiaque e barcos.

São três rotas, cada uma delas com cinco horas de duração. A empresa é cadastrada no Ministério do Turismo. O passeio custa R$ 150,00 por pessoa com instrutores, equipamentos e acompanhamento.

Beto Lourenço, responsável pela empresa é um apaixonado pelo rio. Trabalhou em escola municipal de Caraguatatuba no bairro onde fica o rio e fez inúmeras ações de divulgação e preservação do Juqueriquerê.

“Trata-se de um patrimônio ambiental e histórico do Litoral Norte, que deve sempre ser preservado”. afirma. Segundo ele, um dos passeios leva da barra do rio até o Ilha Morena, um hotel que fica em uma ilha fluvial.

Segundo ele, é o passeio ideal, pois podem ser avistados os mangues, aves e animais nativos, marinas, o antigo porto da Fazenda dos Ingleses, o entreposto de pesca do bairro, a ponte do Porto Novo, as embarcações exóticas(que ficam atracadas as margens do rio)  e o dia-a-dia dos pescadores caiçaras.

 

 

Edificações e antigo porto por onde eram exportados os produtos produzidos na Fazenda dos Ingleses entre 1927 e 1966

 

“A terceira rota é mais complicada pois vai do Golfinho em direção a nascente do rio, próximo a base de gás, mais o rio fica praticamente seco, sem condições de navegabilidade”, detalha. A segunda rota via do Ilha Morena até o Golfinho.

Para Lourenço, as obras do enrocamento e a implantação do Parque do Juqueriquerê, deverão incrementar ainda mais os turismo náutico às margens do rio. Os pescadores tradicionais do Porto Novo promovem também passeios ao longo do rio durante as festividades que ocorrem no bairro, como a Festa da Tainha.

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