Fundação Florestal paga por serviços ambientais (PSA) voltado aos pescadores artesanais de arrasto de camarão, que capturam lixo acidentalmente durante a atividade pesqueira nas APAs Marinhas
A conservação marinha é pauta prioritária para a Fundação Florestal, uma vez que 50% do mar territorial paulista é protegido pelas três Áreas de Proteção Ambiental Marinhas sob gestão da FF: APAM Norte, APAM Centro e APAM Sul.
Dentre os desafios enfrentados para a conservação das APAMs está a presença de resíduos no ambiente marinho, cujos impactos sobre o ecossistema, fauna e sobre as atividades pesqueiras já são amplamente conhecidos. Papel, tecido, madeira, metal, plástico, vidro, borracha, entre outros, são alguns dos materiais encontrados no mar, originados a partir de diversas atividades humanas.
Na fauna marinha, os efeitos negativos do lixo marinho são documentados em mais de 1.400 espécies. Diariamente, mais de 660 espécies são impactadas diretamente por resíduos, levando-as à morte por inanição e asfixia. Sabe-se que 90% das aves marinhas possuem fragmentos plásticos em seu estômago e que, no mínimo, mil tartarugas marinhas morrem todos os anos por ingestão de plástico ou emaranhamento de lixo.
Além disso, certa quantidade de microplástico é inevitavelmente absorvida por humanos ao se alimentarem de peixes, crustáceos e frutos do mar. Estudos recentes estimaram que, em média, os humanos podem ingerir 0,1–5g de microplásticos semanalmente por meio de várias vias de exposição, em um cenário global.
Estima-se que 12 milhões de toneladas de lixo são lançadas no mar por ano no mundo. Do total, estudos registram que 80% é composto por plástico (BARNES 203 et al., 2009) e que 1% do lixo permanece na superfície ou acumulados nas zonas costeiras, tais como praias, estuários e costões (VAN SEBILLE et al., 2015) e 99% está presente no fundo de oceanos, assoalho marinho e na coluna d´água (VAN SEBILLE et al., 2020).
Lixo no Mar e a pesca artesanal nas APAs Marinhas
Levando em conta que a questão do lixo no mar é assunto trazido frequentemente pelos pescadores durante reuniões de conselhos e respectivas câmaras técnicas de pesca, a FF criou o Programa de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) voltado aos pescadores artesanais de arrasto de camarão, que capturam lixo acidentalmente durante a atividade pesqueira nas APAs Marinhas.
Atualmente, parte dos pescadores do litoral paulista já recolhe o lixo das redes voluntariamente, mas outra ainda devolve para o mar os resíduos que capturam durante a atividade de arrasto do camarão. Por meio do projeto, pretende-se motivá-los trazerem o lixo para o continente para destiná-lo corretamente, remunerando-os por este serviço, além de reconhecer o trabalho daqueles que já o vem fazendo voluntariamente.
O projeto
O Projeto Mar sem Lixo é estruturado em quatro componentes:
- Pagamento por Serviços Ambientais – PSA
- Educação Ambiental e Comunicação – ações preventivas
- Monitoramento, avaliação e pesquisa
- Parcerias para sustentabilidade e ampliação do projeto