Considerada uma das praias mais conhecidas e frequentadas de Caraguatatuba, a Prainha, passou este ano, 17 das 52 semanas de monitoramento, classificada como imprópria para banho pela Cetesb(Companhia Ambiental do Estado de São Paulo).
O motivo da poluição: presença de esgoto( coliformes fecais) na água do mar. apesar de seus bairros possuírem rede de coleta e tratamento sanitário e não terem nenhum córrego ou rio desaguando na praia. O bairro onde está situada a Prainha possui rede de coleta e tratamento de esgoto.
A praia é sinalizada com bandeira vermelha quando classificada como imprópria para orientar os banhistas. Segundo a Cetesb, os banhistas devem evitar o banho de mar nas praias classificadas como impróprias por causa do risco de infecção através do esgoto presente na água do mar.
A praia do Indaiá, também, em Caraguatatuba, passa pela mesma situação. Apesar do bairro ter rede de coleta e tratamento de esgoto, em 52 semanas de 2022, a praia foi classificada como poluída em 18 semanas.
No caso da praia do Indaiá, a poluição chega através de rios e córregos que desaguam na orla, entre eles, o rio Santo Antônio que corta bairros ainda não beneficiados com coleta e tratamento de esgoto.
Correnteza
O engenheiro Wlamir Marques de Jesus, de Caraguatatuba, gostaria de saber o que está acontecendo com a Prainha, que sempre está imprópria para banho e com Bandeira Vermelha.
Ele lamenta o fato dos turistas continuarem frequentando a praia apesar dos riscos de contaminação por coliformes fecais e, também, o fato dos órgãos fiscalizadores e a prefeitura, nada fazerem para melhorar está situação da praia que é uma das mais frequentadas da cidade.
O bairro onde fica a Prainha possuí 100% de suas residências atendidas por rede de coleta e tratamento de esgoto, segundo a Sabesp. São cerca de 500 ligações entre residências e comércios. Não existe nenhum rio ou córrego que desague na praia. Afinal, o que tem causado a poluição na Prainha?
Se existe rede de esgoto no bairro e nenhum córrego ou rio deságua na praia, por onde chega a poluição? Os comerciantes estabelecidos na praia acreditam que o esgoto que polui a Prainha vem de outros bairros desprovidos de rede coletora, trazido pela correnteza. Pode ser.
Estabelecida há 32 anos na Prainha, a comerciante Filó Rodrigues, disse acreditar que as correntes marinhas estariam trazendo esgoto de outras regiões para a praia. Eles suspeitam que o esgoto que é lançado na praias do Centro e Indaiá, através dos rios, entre eles, o Santo Antônio, acaba sendo levado pelas correntes marinhas para a Prainha.
Cetesb
Segundo a Cetesb, as praias são classificadas como Impróprias rotineiramente com base na densidade de bactérias indicadoras de poluição fecal encontradas nas amostras de água do mar.
Diversos são os fatores que concorrem para a presença de esgotos nas praias. Entre eles, pode-se citar a abrangência de sistemas de coleta, e disposição dos efluentes domésticos gerados nas proximidades, ocupações irregulares, a existência de rios ou córregos afluindo ao mar, o aumento da população durante os períodos de temporada, a fisiografia da praia, a ocorrência de chuvas e a poluição difusa.
Segundo a Cetesb, as áreas sem cobertura de rede coletora, muitas vezes por serem de ocupação irregular, podem apresentar lançamentos de esgotos em cursos de água, o que contribui juntamente com a poluição difusa, agravada pela ocorrência de chuvas, para o comprometimento de algumas praias.
A Cetesb já argumentou anteriormente que devido à localização e ao formato da praia (uma pequena enseada), há também uma menor troca da água do mar, dificultando a diluição da carga poluidora. Além disso, devido a essa configuração geográfica, considera-se improvável que ela receba carga de esgoto de outras praias transportada pelas correntes marinhas.
Segundo a Cetesb, na grande maioria dos casos a poluição de praias litorâneas possui fontes terrestres. E que, o aumento da poluição fecal pode estar associado, também, à ocorrência de chuvas mais intensas. Chuvas intensas são normalmente a principal causa da deterioração da qualidade das águas das praias. Elas carreiam água, eventualmente poluída por esgotos, de cursos d’água para o mar, além da poluição difusa que engloba também a água de escoamento superficial.
INPE
Em 2019, foi feita uma consulta ao Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos(CPTEC) do INPE, em Cachoeira Paulista, sobre a possibilidade de esgoto de outras praias ou regiões serem a causa da poluição na Prainha.
Na época, a oceanógrafa Rofio Camayoela, informou que os padrões dos ventos e das ondas e das correntes marinhas podem variar de um local para outro, podendo se alterar em épocas diferentes do ano, como por exemplo, sofrerem mudança de padrão no inverno e outro tipo, no verão.
A oceanógrafa explicou que, para comprovar se o esgoto de outras praias ou regiões estariam ou não sendo levados para a Prainha, seriam necessários estudos técnicos mais aprofundados das correntes marinhas.