Prefeitura de Caraguatatuba faz “maquiagem” na praia Martim de Sá para a temporada de verão

Quem circula pela praia Martim de Sá, a mais conhecida e frequentada de Caraguatatuba, tem se surpreendido com a nova característica de sua faixa de areia, que foi “estendida” em alguns trechos. A foto acima feita neste sábado, dia 17, mostra como está a praia atualmente.

 

A prefeitura fez uma “maquiagem” na areia da praia. Cobriu com areia todos os coqueiros que estavam ameaçados de cair. As plantas estavam com as raízes expostas devido a erosão provocada pelas ressacas e avanço da maré. A foto abaixo mostra como estava a praia no sábado passado, dia 10.

 

A faixa de areia da Martim de Sá, no sábado passado, dia 10

 

O “serviço” teria sido feito entre terça e quarta-feira, por qual secretaria ainda não se sabe:  Serviços Públicos ou Meio Ambiente. Solicitamos pedido de informações à assessoria de imprensa da Prefeitura.

 

A faixa de areia após a “maquiagem” feita pela prefeitura, no sábado, dia 17

 

A prefeitura também retirou algumas antigas estruturas de canais de águas pluviais que estavam abandonadas ao longo da praia. Essas estruturas prejudicavam as caminhadas dos banhistas. Boa parte das estruturas não vinham sendo mais utilizadas.

 

Segundo algumas pessoas que trabalham na praia, os coqueiros cujas raízes estava expostas e ameaçados tiveram as raízes totalmente encobertas pela areia, segundo consta, retirada da própria praia.

 

“Não adianta muito, quando vier a próxima ressaca, o mar vai retirar a areia e deixar as raízes expostas novamente”, comentou um jovem caiçara, que trabalha na Martim de Sá.

 

Segundo ele, o reforço feito pela prefeitura pretende impedir que os coqueiros caiam durante a temporada e possam atingir algum banhista. O jovem comenta que há muito tempo a praia vem perdendo parte da faixa de areia devido ao avanço do mar.

 

A Martim de Sá teria perdido de 50 a 80 metros de sua faixa de areia nos últimos dez anos. A Prefeitura estuda a possibilidade de permitir aos quiosques ampliar uso de mesas e cadeiras na faixa lateral para compensar a perda do espaço comercial  em frente ao mar.

 

O jovem também adverte que os coqueiros não são nativos ou seja não nasceram na Martim de Sá. Eles foram plantados pela prefeitura há cerca de 20 anos. Após terem sido replantados, não teriam recebido nenhuma atenção por parte da prefeitura.

 

Existe a suspeita, também, de que os coqueiros tenham sido trazidos jovens ou adultos de outras regiões, onde tiveram problema de nutrição ou de solo e replantados nas praias de Caraguatatuba.

 

Embrapa

 

Segundo técnicos do Embrapa(Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), a erosão costeira, a senilidade e o ataque de pragas e doenças são alguns dos principais fatores que ameaçam os coqueiros na maioria das praias brasileiras. Eles alegam que boa parte dos coqueiros apresentam “estresse nutricional”.

 

No canto direito da praia Martim de Sá, próximo ao quiosque Canto Bravo, podem ser vistos vários coqueiros com problema de afunilamento de estipe. Esse estreitamento da parte da base do estipe (pé do coqueiro), segundo o Embrapa, não é causado por doença.

 

Coqueiro com estipe ( pé afunilado), causado por problemas de nutrição hídrica ou de solo no local onde foram cultivados

 

Segundo o Embrapa, os coqueiros, que devem ter sido replantados jovens ou adultos, na Martim de Sá, possivelmente enfrentaram problemas de nutrição hídrica ou de solo no local onde foram cultivados.

 

De acordo com o Embrapa, ao selecionar o tipo de planta que será plantada, a prefeitura tem que considerar se o tipo de solo e as condições climáticas locais correspondem, satisfatoriamente, às necessidades do coqueiro.

 

O Embrapa explicou ainda que ventos e a maresia não interferem na vida dos coqueiros. O órgão recomenda a remoção dos coqueiros e a substituição por plantas mais jovens.

 

Essa ação foi feita nas praias de Santos, recentemente. A prefeitura de Santos fez o replantio de 14 coqueiros através da Secretaria de Serviços Públicos (Seserp). As plantas foram retiradas da praia da Aparecida e replantadas numa faixa de areia na divisa com São Vicente.

 

Segundo Ernesto Tabuchi, engenheiro agrônomo responsável pela Coordenadoria de Paisagismo (Copaísa), da Prefeitura de Santos, a movimentação da maré vem retirando areia e expondo as raízes dos vegetais. “Isso pode gerar risco de tombamento e até mesmo a morte das plantas, razão pela qual precisam ser levadas para um local mais seguro”.

 

O transplantio consiste na retirada do coqueiro inteiro, incluindo raiz, caule e folhas, e o plantio, neste caso, na faixa de areia entre Santos e São Vicente. “O objetivo principal é a segurança dos banhistas e esportistas, além da manutenção paisagística e preservação das plantas”, frisou o agrônomo.

 

Prefeitura

 

Segundo a prefeitura de Caraguatatuba, não há indícios de processo erosivo em curso na praia da Martim de Sá nos dias de hoje. Segundo a prefeitura, atualmente ocorrem comprovadamente processos de erosão costeira nas praias da Tabatinga, Mococa e Massaguaçu, todas na região norte do município.

Segundo a prefeitura, o que existe na praia da Martim de Sá é um processo natural de dinâmica praial com variações no aporte de sedimentos causando o avanço ou a retração da linha de costa.

 

“Cabe ressaltar que os membros das famílias Arecaceae (palmeiras e coqueiros) e Combretaceae (chapéu´-de-sol) não figuram na lista de indicadores de vegetação nativa da região de praias e dunas conforme Resolução CONAMA 07/1996, justamente por não serem adaptados à dinâmica na qual estão submetidos. Razão pela qual podem ocorrer instabilidades dos indivíduos, quedas e movimentações do substrato arenoso no entorno direto”, informa a nota encaminhada pela prefeitura de Caraguatatuba ao Notícias das Praias.

 

Na nota, a prefeitura informou ainda que atualmente a Secretaria de Meio Ambiente, Agricultura e Pesca – SMAAP, está iniciando um projeto para o monitoramento de modificações das linhas de praia em todo o município e que, adicionalmente, os Projetos de Intervenção Urbanísticas – PIU, que objetivam regularizar a orla do município, preveem a implantação de áreas de vegetação nativa nestes trechos da orla (vegetação de praias e dunas e cordões arenosos).

 

Martim de Sá

 

 

 

A Martim de Sá tem cerca de 1.500 metros de comprimento e fica a 2,5 Kms do centro de Caraguatatuba. Possui calçadão e ciclovia, vários quiosques  espalhados pela areia e diversos comércios ao longo da orla.

 

A maioria dos quiosques oferece música ao vivo e um cardápio diversificado, mas não aceita pagamento por Pix. A praia tem fiscalização constante pela prefeitura no combate ao comércio ambulante clandestino e som excessivo por parte das caixinhas de som espalhadas pela praia.

 

A praia ganhou destaque na década de 70, quando sediou boates e discotecas como Le Bateu e Castelinho e a única barraca que até então vendia coco verde na cidade.

 

Nesta época, na praia, existia apenas um local de vendas de bebidas, improvisado pelo comerciante Jorge Leiteiro, que durante a semana distribuía leite na região central e nos fins de semana, montava uma espécie de barzinho no canto direito da Martim de Sá. Logo depois surgiriam os quiosques da Vanja Meireles e do Zé Natureza.

 

Com o passar dos anos, a Martim de Sá, transformou-se na praias mais conhecida e frequentada de Caraguatatuba, titulo que pertenceu a Prainha nas décadas de 50 e 60, na época, considerada a “Copacabana” do litoral norte.

 

A Martim de Sá chega a receber de 10 a 12 mil banhistas por dia na temporada de verão. É uma praia de tombo, entre o meio e a ponta direita(pra quem olha de frente para o mar) ou seja quando se entra no mar existe um buraco, trecho não muito adequado para crianças.

 

Do meio para a ponta esquerda, a praia é mais tranquila e o espaço na areia é maior. Esse trecho é ideal para banho de crianças e adultos. Também, neste trecho existem passeios de escunas e banana boat. Ali também fica a base principal do GBmar(Grupamento dos Bombeiros Marítimos).

 

Na temporada, o GBmar amplia de 3 para 7 o número de pontos de observação ao longo da praia. A praia conta com apoio de botes, Jet skis  e até helicóptero na temporada. No verão passado, não houve registro de mortes por afogamento na praia.

 

No lado direito da praia, existem quadras de beach tênnis e fut-vôley e um local onde se pratica frescobol, surf( quando existem boas ondulações) e voo de parapente( praticantes saltam do morro do Farol, na divisa com a Prainha).

 

Apesar do bairro ter coleta e tratamento de esgoto, a praia Martim de Sá esteve por quatro semanas imprópria para banho este ano. O esgoto de bairros sem rede chega  através do rio Guaxinduba que desagua no canto esquerdo da praia.

 

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