Por Ana Patrícia Arantes
Quando pensamos no litoral norte, lembramos de lindas praias, com oceanos limpos e belas paisagens para curtir dias de descanso ou mesmo para morar. Mas por que será que algumas praias da região estão se tornando com frequência impróprias? E o quê significa estar imprópria, com bandeira vermelha ou própria, com bandeira verde?
A Cetesb, órgão responsável pelo monitoramento e avaliação da qualidade das praias,é responsável por indicar a sua balneabilidade, isto é, se as águas estão com qualidade suficiente. Em Itaguá a bandeira tem sido repetidamente vermelha.
Nas primeiras 45 semanas do ano de 2022, a praia do Itaguá esteve imprópria por 24 semanas na coleta feita em frente ao número 1724 da avenida e por 20 semanas na coleta feita em frente ao número 240, segundo dados da Cetesb. Semanalmente, a Cetesb monitora os dois trechos da praia.
Para que se possa tomar banho, mergulhar, nadar, enfim, se divertir de qualquer jeito, sem correr risco de “pegar” uma doença grave a bandeira precisa estar verde. Porque? Porque se não estiver própria significa que existem bactérias fecais em grande quantidade. Bactérias fecais têm origem em fezes humanas e de animais.
Mas, como somos muito mais em número, do que a quantidade de animais circulando por aí, essas bactérias chegam às praias, principalmente porque falta coleta e tratamento de esgoto.
A partir deste mês, o Boletim do CBH-LN vai mostrar o que o Comitê e seus parceiros vêm fazendo para mudar essa situação. E para começar, vamos falar da Praia de Itaguá, em Ubatuba.
Itaguá fica no centro de Ubatuba, é uma praia urbana, que na alta temporada o número de frequentadores chega a triplicar. A praia recebe águas de três rios: Acaraú, rio Tavares e rio Grande. O que deveria ser um privilégio – ter o encontro das águas doces com a água salgada para curtir a praia, torna-se um problema de contaminação.
A fragilidade da situação de poluição desta praia se dá, principalmente, pelas águas do rio Acaraú, que estão contaminadas por esgotos e lixo. Fossas mal construídas ou sem manutenção também colaboram para piorar a situação.
A praia do Itaguá vem apresentando contaminação ao longo dos últimos 10 anos, oscilando em condição ruim e péssima, como mostra o Relatório de Situação do Comitê de Bacias do Litoral Norte
Segundo o coordenador da câmara técnica de saneamento do Comitê de Bacias, Paulo André, o rio Acaraú vem sendo um dos principais focos do comitê. “Nosso papel é dialogar com os responsáveis pelo saneamento, fiscalização e organizações sociais”.
Campanha Itaguá Azul
Alguns moradores também começaram a agir , junto com a ong APPRU -Amigos na Proteção, Preservação e Respeito a Ubatuba desde 2012 realizam a campanha Itaguá Azul que se tornou uma importante base de melhorias e intervenções para o rio e a praia, com ações de educação ambiental em campo, nas escolas e universidades.
“A campanha nasceu com o objetivo de identificar as causas da poluição da baía de Ubatuba, e após investigação e consulta a Cetesb, dos 3 rios da Baía central de Ubatuba, o rio Acaraú e o que mais colabora com a poluição da baía, por isso começamos por ele” explica Antonio Augusto de Oliveira Neto, presidente da APPRU.
Para além da consciência que a Campanha promove nas pessoas para as ações individuais e coletivas de proteção e cuidado com a praia, existem às propostas relacionadas às políticas públicas como incentivo à criação do Plano municipal de Saneamento, visitas e troca de informações junto ao Ministério Público- GAEMA ( Grupo de Atuação Especial de Defesa de Meio Ambiente) Litoral Norte, identificação das principais fontes de poluição, retirada anual da aguapés e fazer chegar com muita mobilização as obras de saneamento em Ubatuba.
Em relação a Sabesp, não foi possível saber quais as ações pois estão readequando a área da comunicação do litoral norte e não havia possibilidade de resposta até o fechamento deste Boletim.