Flip promove encontros sobre Maria Firmina dos Reis, autora que será homenageada em Paraty

 

De 19 a 22 de outubro, a Flip, em parceria com o CPF Sesc, promove uma série de encontros sobre Maria Firmina dos Reis, autora homenageada da 20ª Flip.

A maranhense Maria Firmina dos Reis (1822–1917) será a autora homenageada na 20º edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). No ano do seu bicentenário, a romancista terá seu legado discutido no evento.

O evento este ano terá três curadores: a jornalista e editora Fernanda Bastos e os professores Milena Britto e Pedro Meira Monteiro. Foi Pedro Meira Monteiro quem destacou a autora que será a homenageada da Flip 2022.

“Maria Firmina dos Reis não é alguém casual, alguém que estava na fila de homenageados da Flip. Ela tem a força da autoria individual, uma mulher negra no Maranhão do século XIX lutando pra ser reconhecida pela letra. Na escola, todos nós conhecemos Machado, Alencar, mas nunca ouvimos falar de Maria Firmina. Essa ausência é muito gritante e é com essa distorção que a gente está querendo mexer quando monta uma programação como essa”, contou Pedro Meira Monteiro em coletiva de imprensa da Flip realizada em setembro.

A homenageada Maria Firmina dos Reis será tema de duas mesas na programação principal da Flip e, em outubro, de um ciclo de debates em parceria com o CPF/Sesc. Nascida em 1822, Firmina é considerada por muitos é autora de “Ursula”, primeiro romance abolicionista de autoria feminina da língua portuguesa e considerado por muitos como o primeiro romance publicado por uma mulher negra em toda a América Latina.

O romance aborda o tráfico negreiro pelo ponto de vista de um sujeito escravizado e transformado em “mercadoria humana”. Em 92 anos de vida, ela teve ampla colaboração com a imprensa do país, produzindo poesia, ficção e crônicas. Funcionária pública, aposentou-se na década de 1880 e abriu no Maranhão uma das primeiras escolas mistas e gratuitas do país.

Maria Firmina dos Reis

Embora não haja certeza sobre a data, o mais provável é que Maria Firmina dos Reis tenha nascido em 1822. Em 1859, lançou Úrsula, romance que inaugura, no Brasil, a linhagem da literatura abolicionista. Professora de primeiras letras em Guimarães, no Maranhão, sua obra se construiu praticamente em paralelo à literatura majoritariamente masculina e branca dos círculos literários brasileiros. Somente na década de 1970 Maria Firmina emerge como voz dissonante, resultado de leituras contra-hegemônicas de pesquisadores e pesquisadoras.

 

A obra e a vida de Maria Firmina são o símbolo de um Brasil que luta para sair das malhas de sua história de raiz colonial, responsável por uma separação brutal entre aqueles que têm e os que não têm acesso ao mundo da imaginação propiciado pela letra impressa.

 

A homenagem a Maria Firmina dos Reis reafirma o propósito da Flip de se conectar com pessoas das mais variadas origens e trajetórias para fazer o Brasil conhecer mais de si mesmo. Trata-se de visibilizar quem trabalha pela palavra e por um ambiente cultural e educacional mais acolhedor, seja nas margens ou nos centros econômicos do país.

 

A programação detalhada você encontra no site do CPF Sesc: https://bit.ly/3yuCAd0

Atrações

Escritora francesa Annie Ernaux. Foto: FLIP 2022

Entre as atrações internacionais da Flip 2022, destaque para a escritora francesa Annie Ernaux, de 82 anos, que esteve entre as mais cotadas para o Nobel em 2021. Ela tem três livros lançados No Brasil:  “Os anos”, “O lugar” e  “O acontecimento”,  lançado recentemente, onde Annie relata o seu aborto ilegal na França dos anos 1960. A adaptação do livro dela para o cinema recebeu o Leão de Ouro em Veneza em 2021.

 

Além de Annie Ernaux, outros destaques deverão ser o chileno Benjamín Labatut, a poeta argentina Cecília Pavon e pensadora e escritora francesa Nastassja Martin. Entre os nomes nacionais, destaque para a poeta pernambucana Cida Pedrosa, vencedora do Jabuti em 2020; a mineira Cidinha da Silva, vencedora do Prêmio da Biblioteca Nacional em 2019; o veterano poeta e artista visual Ricardo Aleixo; e os romancistas Geovani Martins e Carol Bensimon, entre outros.

 

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