Eletronuclear inicia parada de reabastecimento da usina nuclear Angra 1

Neste sábado (13), à 0h, a Eletronuclear vai desconectar a usina nuclear Angra 1 do Sistema Interligado Nacional (SIN) para realizar o reabastecimento de combustível. Trata-se de uma parada programada, em comum acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), com duração prevista de 45 dias.

 

 

Durante o período, cerca de um terço do combustível nuclear será substituído. Além disso, serão efetuadas atividades de inspeção e manutenção periódicas e diversas modificações de projeto, que precisam ser feitas com a usina desligada.

 

 

No total, 4.430 tarefas foram programadas. O escopo foi ampliado, incluindo atividades que foram postergadas na última parada, reduzida ao mínimo necessário por conta da pandemia do coronavírus. Para executar os trabalhos, foram contratadas empresas nacionais e internacionais, que irão disponibilizar 1.260 profissionais, sendo 64 estrangeiros, para atuar em conjunto com as equipes da Eletronuclear.

 

 

Atividades em destaque

 

 

Além do reabastecimento, destacam-se as seguintes tarefas na programação: manutenção nos transformadores principais e auxiliares; revisão de válvulas do sistema de controle da turbina; revisão geral dos atuadores das válvulas de água de alimentação principal; revisão dos selos de uma das bombas de refrigeração do reator; e substituição do motor de outra bomba de refrigeração do reator.

 

 

Também estão previstas a inspeção visual das soldas do sistema primário; a inspeção das tubulações internas do sistema essencial de água de serviços; a medição do tempo de resposta do sistema de proteção do reator; manutenção e diagnóstico de válvulas motorizadas; e inspeções visando à extensão da vida útil de Angra 1, entre outras tarefas.

 

 

Enquanto a unidade permanecer desligada, o ONS despachará a energia de outras usinas do sistema interligado, de forma a garantir um abastecimento seguro de eletricidade para o país. As paradas de reabastecimento ocorrem, aproximadamente, a cada 14 meses e são programadas com, pelo menos, um ano de antecedência, levando-se em consideração a duração do combustível nuclear e as necessidades do SIN.

 

 

O Brasil possuí três usinas nucleares. Elas fazem parte da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), um complexo localizado na cidade de Angra dos Reis (RJ) que abriga as usinas Angra 1 e 2, operando a plena capacidade; já Angra 3, a terceira usina do CNAAA, ainda está em construção e o esperado é que inicie as atividades ainda nesta década.

 

 

Usina Nuclear

 

 

Os átomos de alguns elementos químicos apresentam a propriedade de, através de reações nucleares, transformar massa em energia. Esse princípio foi demonstrado por Albert Einstein. O processo ocorre espontaneamente em alguns elementos, porém em outros precisa ser provocado através de técnicas específicas.

Existem duas formas de aproveitar essa energia para a produção de eletricidade: A fissão nuclear, onde o núcleo atômico se divide em duas ou mais partículas, e a fusão nuclear, na qual dois ou mais núcleos se unem para produzir um novo elemento.

A fissão do átomo de urânio é a principal técnica empregada para a geração de eletricidade em usinas nucleares. É usada em mais de 400 centrais nucleares em todo o mundo, principalmente em países como a França, Japão, Estados Unidos, Alemanha, Suécia, Espanha, China, Rússia, Coréia do Sul, Paquistão e Índia, entre outros.

Segundo a WNA (Associação Nuclear Mundial, da sigla em Inglês), hoje, 14% da energia elétrica no mundo, é gerada através de fonte nuclear e este percentual tende a crescer com a construção de novas usinas, principalmente nos países em desenvolvimento (China, Índia, etc.). Os Estados Unidos, que possuem o maior parque nuclear do planeta, com 104 usinas em operação, estão ampliando a capacidade de geração e aumentando a vida útil de várias de suas centrais. França, com 58 reatores, e Japão, com 50, tambem são grandes produtores de energia nuclear, seguidos por Rússia (33) e Coréia do Sul (21).

A maior vantagem ambiental da geração elétrica através de usinas nucleares é a não utilização de combustíveis fósseis, evitando o lançamento na atmosfera dos gases responsáveis pelo aumento do aquecimento global e outros produtos tóxicos. Usinas nucleares ocupam áreas relativamente pequenas, podem ser instaladas próximas aos centros consumidores e não dependem de fatores climáticos (chuva, vento, etc.) para o seu funcionamento.

Além disso, o urânio utilizado em usinas nucleares é um combustível de baixo custo, uma vez que as quantidades mundiais exploráveis são muito grandes e não oferecem risco de escassez em médio prazo. Pesquisas de opinião realizadas na Europa, nos Estados Unidos e na Ásia demonstram que a população aceita a construção de novas usinas nucleares e a substituição de plantas antigas por novas. Ambientalistas prestigiados como James Lovelock (autor da “Teoria de Gaia”) e e Patrick Moore (fundador do Green Peace) são unânimes em declarar que não se pode abdicar da energia nuclear se pretendemos reduzir os riscos do aquecimento global e de todos os problemas relacionados a ele.

Como funciona uma usina nuclear

A fissão dos átomos de urânio dentro das varetas do elemento combustível aquece a água que passa pelo reator a uma temperatura de 320 graus Celsius. Para que não entre em ebulição – o que ocorreria normalmente aos 100 graus Celsius -, esta água é mantida sob uma pressão 157 vezes maior que a pressão atmosférica.

O gerador de vapor realiza uma troca de calor entre as águas deste primeiro circuito e a do circuito secundário, que são independentes entre si. Com essa troca de calor, a água do circuito secundário se transforma em vapor e movimenta a turbina – a uma velocidade de 1.800 rpm – que, por sua vez, aciona o gerador elétrico. Esse vapor, depois de mover a turbina, passa por um condensador, onde é refrigerado pela água do mar, trazida por um terceiro circuito independente. A existência desses três circuitos impede o contato da água que passa pelo reator com as demais.

Uma usina nuclear oferece elevado grau de proteção, pois funciona com sistemas de segurança redundantes e independentes (quando somente um é necessário).

 

Defesa em Profundidade

É um conceito de projeto que envolve a criação de sucessivas barreiras físicas que mantêm a radiação sob total controle.

1 – As pastilhas de dióxido de urânio possuem uma estrutura molecular que retém a maior parte dos produtos gerados na fissão.
2 – As varetas que contêm as pastilhas são seladas e fabricadas com uma liga metálica especial.
3 – O vaso do reator funciona como uma barreira estanque.
4 – A blindagem radiológica permite que os trabalhadores possam acessar áreas próximas ao reator.
5 – O envoltório de aço especial, com 3 centímetros de espessura, é projetado para resistir ao mais sério acidente.
6 – O envoltório de concreto, com 70 centímetros de espessura, conterá qualquer material caso as demais barreiras falhem.

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