Ambientalistas protestam contra exercício de tiros da Marinha programado em ilha de Alcatrazes

Ambientalistas do Litoral Norte se reúnem na manhã deste sábado, dia 6, às 10 horas, na Praça da Mangueira, em Ilhabela, para discutir medidas que deverão ser tomadas contra a Marinha do Brasil que programou exercício de tiros em uma das ilhas do arquipélago de Alcatrazes nos dias 16 e  17 deste mês.

A decisão da Marinha de retomar os tiros no arquipélago, surpreendeu o ambientalistas da região, que tomaram conhecimento dos exercícios através de um ofício do capitão de Mar e Guerra, Renato Leite Fernandes, do Centro de Apoio a Sistemas Operativos da Marinha do Brasil, encaminhado recentemente ao IBAMA e ICMBio. Os exercícios da Marinha serão realizados na Ilha da Zapata. A Marinha quer que representantes do IBAMA e ICMBio acompanhem a operação. 

O Arquipélago de Alcatrazes, um santuário ecológico a 43 quilômetros da costa de São Sebastião, no Litoral Norte de São Paulo, possui 13 ilhas. O conjunto é protegido pela Estação Ecológica Tupinambás, uma Unidade de Conservação Federal de Proteção Integral. Desde 1982 era utilizado pela Marinha para exercícios de tiros. A pressão feita pelas entidades ambientalistas a partir de 1990, para o fim dos tiros em Alcatrazes, conseguiu que em 2016, o local fosse transformado por decreto presidencial num Refúgio da Vida Silvestre.

A volta dos tiros em Alcatrazes gerou revolta. O ambientalista Fernando Puga, de São Sebastião, candidato a deputado estadual pelo PT, tão logo teve informações sobre a decisão da Marinha, organizou um abaixo assinado para lutar contra a medida.

“O Arquipélago de Alcatrazes representa um Santuário da vida marinha. Para a Marinha do Brasil representa nada mais que um alvo…”, lamentou Puga no Instagram. Na reunião deste sábado, na Ilha, os ambientalistas deverão definir quais medidas pretendem adotar para tentar fazer com que a Marinha suspenda os tiros no arquipélago.

Gilda Nunes, do Instituto Ilhabela Sustentável e conselheira no CONSEMA, explica que os exercícios de tiros em Alcatrazes sempre foram repudiados pelos ambientalistas Litoral Norte, visto que representam um retrocesso ambiental.

“O incêndio ocorrido em 2004 no Arquipélago de Alcatrazes, teve início na área de tiro da Marinha do Brasil, que utiliza parte do território para realizar exercícios e treinamentos. O incêndio comprometeu cerca de 20 mil metros quadrados. Depois de protestos da população e um longo processo de negociação, no ano de 2013, os tiros foram transferidos para a Sapata. Em 2016 foi criado o Refúgio de Alcatrazes no arquipélago dos Alcatrazes e a Sapata ficou fora da unidade e destinada aos treinamentos militares e continua constantemente ameaçada.
É inaceitável que haja bombardeio em um local de tamanha relevância ambiental, e ainda mais sendo área do entorno da Unidade de Conservação”, comentou.

 

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