A incrível história do morador de Caraguatatuba que há 7 anos alimenta urubus

Davi Santos, morador de Caraguatatuba, de 62 anos e que vive da reciclagem, há sete anos se dedica a alimentar urubus. Ele diz que se sente feliz e realizado em poder dar comida as aves. Davi, “o palmeirense”, como ele é conhecido, é uma pessoa lúcida, muito esclarecida, não consome bebidas alcóolicas e se diz “um defensor dos animais”.

Com sua bicicleta e, quase sempre, trajando uma camisa do Palmeiras, seu time de coração, percorre diariamente as ruas centrais da cidade, recolhendo nas lixeiras e caçambas, produtos que possa vender nos ferros velhos e às cooperativas de reciclagem. Vive disso.

As carnes recolhidas nas lixeiras são destinadas aos seus animais de estimação. É tutor de três cães de raças indeterminadas: a Maria, o Fofão e o Chiquinho, companheiros inseparáveis.

Os restos de peixe, de atum e salmão e aos urubus que alimenta diariamente. Ele recolhe, diariamente, cerca de 50 quilos, de restos de peixe, salmão e atum, nas lixeiras de restaurantes especializados em comida japonesa e asiática e peixarias. Coloca tudo em sacos plásticos e vai alimentar os urubus.

 

Davi mostra os restos de salmão recolhido nas lixeiras que usa para alimenta os urubus

 

“Tem muita comida (destinada aos animais) boa dispensada nas lixeiras. Meus animais se alimentam de carnes dispensadas pelos restaurantes mais badalados da cidade”, contou

Davi disse que saí às ruas, diariamente, ainda pela madrugada, para vistoriar as lixeiras e caçambas, antes da passagem dos caminhões que fazem a coleta do lixo. Também, percorre restaurantes e peixarias, com uma missão especial, alimentar urubus.

Os restos de atum, salmão e peixes são depositados nas cabeceiras das pontes dos rios Santo Antônio e Rio do Ouro, próximo a região central da cidade.  Faz isso, há sete anos.

Por que faz isso? “Vejo urubu passando fome, ninguém nota isso. O ser humano só enxerga o que quer ver. Isso me faz feliz. Ajudando os animais me sinto agregado e cumprindo uma missão aqui na terra”, respondeu.

Davi conta que quando os urubus estão voando alto, estão com o estomago cheio, sem fome. E, que, quando voam baixo ou pousados em árvores e postes, é sinal de que as aves estão em busca de comida.

Ele é muito conhecido e querido na cidade. Vive sozinho no bairro da Caputera, próximo ao centro. Tem um filho de 26 anos, que mora em São Bernardo do Campo (SP), mas que não vê há muitos anos. Anda sempre sozinho, mas acompanhado por seus três cachorros.

É palmeirense roxo. Só anda trajando camisa do seu time de coração. “Brasileiro muda de religião, mas não muda de time. Sua verdadeira religião é o seu time de coração”, argumenta.

Urubu

 

No Brasil, o urubu-de-cabeça-preta é a espécie mais conhecida, justamente por ser a mais urbana. É facilmente observado planando no céu das cidades, pousando no alto dos prédios ou vasculhando lixões, à procura de material orgânico. Às vezes, podem ser observados junto com os carcarás (Caracara plancus), permitindo que eles limpem a sua plumagem e dividindo carcaças.

Os urubus desempenham um papel muito importante em relação à limpeza das florestas, já que boa parte da sua dieta está baseada na alimentação da carcaça de animais mortos e outros materiais orgânicos em estados de decomposição. Urubus não têm habilidade para caçar, por isso, se alimentam de restos de comida.

Os urubus não possuem garras tão adaptadas para capturar presas e o seu bico geralmente não é muito apropriado para rasgar carnes frescas. Em compensação, possuem visão e olfato muito desenvolvidos, conseguindo enxergar e cheirar carcaças a grandes distâncias.

Uma das habilidades mais incríveis dos urubus é conseguir se alimentar de carne em decomposição, cheia de bactérias. Isso ocorre por conta das adaptações no seu sistema digestório: o valor do pH do suco gástrico dos urubus é 10 vezes mais ácido do que o dos seres humanos! Quando o alimento cai no estômago do urubu, seu suco gástrico neutraliza boa parte das bactérias e toxinas que estavam presentes no alimento, e se alguma conseguir passar por essa defesa extremamente ácida, o sistema imunológico do urubu entra em ação, deixando-o imune à doenças que afetam boa parte dos outros animais.

Nenhuma das quatro espécies existente no país está ameaçada de extinção. No primeiro sábado de setembro, comemora-se o Dia Internacional de Conscientização sobre os Urubus. A data foi escolhida com o objetivo de sensibilizar sobre a importância que os urubus têm para o ambiente e para os humanos, além de chamar atenção para as ameaças que esses animais estão passando (como o desmatamento e a urbanização). * com informação do Parques das Aves.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *