A ressaca do fim de semana voltou a causar prejuízos na praia da Mococa, na região norte de Caraguatatuba. Um dos quiosques mais antigos e tradicionais da praia, o “Trailer do Serjão”, teve parte de sua estrutura danificada pela força das ondas no sábado(14) e domingo(15). As ondas na região chegaram a 2,5 metros de altura.
O quiosque foi um dos primeiros a se instalar no canto esquerdo da praia. Está lá, desde 1989, ou seja, há 33 anos. É um dos mais frequentados da Mococa, mas neste fim de semana, devido aos estragos causados pela força da maré, pouco espaço teve para atender seus clientes.
O pessoal do quiosque tinha feito uma proteção, mas o mar avançou sobre ela, atingindo um dos pilares do estabelecimento. Por precaução, a área ficou interditada no domingo. Os clientes lamentaram a situação dos proprietários e cobraram providências das autoridades locais.
“Muito triste ver nossa praia assim e nossos amigos não poderem trabalhar..Cadê as autoridades que não vem nos ajudar!?”, postou Marilene nas redes sociais.
Confira os danos causados no quiosque do Serjão conforme mostram as fotos feitas por Marilene Guimarães, no sábado(14):
Nos últimos dez anos, a praia perdeu cerca de 120 metros de areia entre o jundu e o mar. A erosão tem sido provocada pelas ressacas que já destruíram quatro dos nove quiosques instalado na orla da praia e ameaça os cinco restantes. Segundo os comerciantes, os banhistas passaram a procurar outras praias como Cocanha e Massaguaçu, que possuem faixa de areia bem mais larga.
A Prefeitura de Caraguatatuba, por meio da Secretaria de Meio Ambiente, Agricultura e Pesca informou na semana passada que será realizada ainda este mês, uma reunião com os quiosqueiros da Praia da Mococa e a Comissão de Gestão de Orla para avaliar se é possível iniciar, junto à Secretaria, o cronograma de obras para o Projeto de Intervenção Urbanística (PIU).
Comerciantes
A redução da faixa de areia e os danos provados pelas últimas ressacas tem causado muitos prejuízos aos comerciantes estabelecidos na praia. A maioria dos turistas que frequentam a Mococa estão deixando de frequentar a praia devido as condições dos quiosques que tiveram redução da faixa de areia.
“Turista gosta de areia, de ficar estendido no sol, de jogar bola ou voley e não temos mais espaço para isso. Eles passaram a frequentar outras praias. Vai ser assim até que a praia seja recuperada, como estão fazendo em Camboriú (engordamento de praia) e dizem que será feito em Ilhabela” conta a comerciante Suzana dos Santos, do quiosque do Serjão, instalado na Mococa desde 1989.
Suzana comentou que o projeto de reurbanização previsto pela prefeitura( recuar os quiosques e instalar acesso, luz, água e esgoto), além de não ter sido iniciado não dá segurança aos quiosqueiros. “A gente não pode gastar na construção do quiosque se não houver proteção(muro de contenção), pois acreditamos que o mar continuará avançando. O ideal seria “recuperar” a faixa de areia da praia”, disse Suzana.
“O turista chega, olha a praia e vai embora. Não temos “praia” para oferecer. Tudo indica que isso(fuga de turistas) continuará ocorrendo durante a temporada de verão. A Mococa é uma das melhores praias para as famílias. É uma praia mansa, como a Cocanha e a Tabatinga. Na região Norte, só essas três praias oferecem segurança para o banho de mar de crianças, adultos e idosos, conta Cláudia Dias, do Quiosque Bar Brasil, instalado há 15 anos na praia.
Ela argumenta que o ideal seria a prefeitura recuperar a praia, fazendo a dragagem de areia do mar e depositando na orla, como está sendo feito em Camboriú. “Caraguatatuba tem poucas praias e precisa preservar e recuperar as que possuí. Parece que a Prainha está sofrendo esse mesmo processo(perdendo a faixa de areia). Seria muito importante recolocar a areia e recuperar essas praias”, finalizou ela.
Projeto
A Prefeitura de Caraguatatuba apresentou um projeto para reurbanização da Mococa, que aguarda aprovação do SPU. As obras deveriam ter sido iniciadas em maio de 2021, mas até agora nada foi feito.
Segundo a prefeitura, o projeto está vigente no município desde o ano passado, no entanto, precisou ser reavaliado devido à pandemia da Covid-19 e os prejuízos causado aos quiosqueiros. O projeto, ainda em estudos, prevê o recuo dos quiosques, novas vias e instalação de infraestrutura, como luz, água e saneamento.
A prefeitura fará a parte de infraestrutura de água e esgoto, melhoria dos três acessos à praia, implantação de vagas e bolsões de estacionamentos e recuperação da vegetação nativa. Os nove quiosques serão recuados de 4 a 5 metros, reconstruídos de alvenaria, com 216 metros quadrados, com espaço para banheiros, cozinha e salão de mesas e cadeiras.
Os permissionários devem fazer a estrutura de alvenaria dos quiosques, com espaço para banheiros, cozinha e salão de mesas e cadeiras. Segundo a prefeitura, no projeto, está prevista a construção dos quiosques em forma de retângulo paralelo ao mar para evitar os efeitos das ressacas, inclusive, com a colocação de gabiões que vão conter mais a força de água.