Caraguatatuba, Ubatuba e São Sebastião consumiram água supostamente contaminada, segundo reportagem da Uol

Entre 2018 e 2020, contaminantes foram encontrados na água que saiu da torneira de 132 cidades paulistas abastecidas pela Sabesp, entre elas, Caraguatatuba, Ubatuba, e São Sebastião (em Ilhabela, nada foi encontrado). As substâncias químicas excederam o valor máximo permitido pelo Ministério da Saúde, órgão que define um parâmetro de controle, acima do qual há risco à saúde humana.

 

A informação foi dada pelas jornalistas Hélen Freitas e Ana Aranha, da Repórter Brasil e da Agência Pública. Segundo as jornalistas, em reportagem publicada ontem, segunda-feira (9), pela UOL, a Sabesp, em suas ações de comunicação, omite problemas na qualidade da água que deveriam ser divulgados aos consumidores.

 

O portal noticiasdaspraias.com foi até o Mapa da Água para checar a avaliação sobre a água consumida por moradores de Caraguatatuba, Ubatuba, São Sebastião e Ilhabela entre os anos de 2018 e 2020. Confira:

 

Em Ubatuba e Caraguatatuba, por três anos consecutivos, segundo o Mapa da Água, foi registrado água com substâncias acima do limite de segurança, pois foram detectadas 2 substâncias que geram riscos à saúde: Ácidos haloacéticos total e Trihalometanos Total, ambos, subprodutos da desinfecção.

 

Em São Sebastião, no mesmo período, de 2018 a 2020, foi detectada uma substância que gera riscos à saúde acima do limite de segurança na água de São Sebastião (Ácidos haloacéticos total). Em Ilhabela, entre 2018 e 2020, não teria sido registrado problemas na água consumida pela população local, todas as substâncias estavam dentro do limite de segurança.

 

Confira os riscos oferecidos pelas substâncias encontradas na água de Caraguatatuba, Ubatuba e São Sebastião, entre 2018 e 2020:

 

Ácidos haloacéticos total 

 

Os ácidos dicloroacético, tricloroacético, bromoacético e dibromoacético são classificados como possivelmente cancerígeno para humanos pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), órgão da Organização Mundial da Saúde. Em altas concentrações, os ácidos haloacéticos também podem gerar problemas no fígado, testículos, pâncreas, cérebro e sistema nervoso. Os ácidos haloacéticos são classificados como subprodutos da desinfecção, formado quando o cloro é adicionado à água para matar bactérias e outros microorganismos patogênicos.

 

Trihalometanos Total 

 

Os trihalometanos são um grupo de compostos químicos e orgânicos que derivam do metano. Ele inclui substâncias como o clorofórmio, classificado como possivelmente cancerígeno pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC). A exposição oral prolongada a esta substância pode produzir efeitos no fígado, rins e sangue. Os trihalometanos são utilizados como solvente em vários produtos (vernizes, ceras, gorduras, óleos, graxas), agente de limpeza a seco, anestésico, em extintores de incêndio, intermediário na fabricação de corantes, agrotóxicos e como fumigante para grãos. Alguns países proíbem o uso de clorofórmio como anestésico, medicamentos e cosméticos.

 

 

Sabesp

 

As jornalistas, autoras da reportagem, pediram informações à Sabesp. A Sabesp informou que a água fornecida cumpre a legislação para potabilidade da água: Anexo XX da Portaria de Consolidação nº 5, alterado pelas Portarias GM/MS nº 888/21 e nº 2472/21 do Ministério da Saúde. Visando garantir sua qualidade, a Companhia monitora continuamente, conforme exigências do ministério, todas as etapas do sistema de abastecimento, desde o manancial, onde é feita a captação da água, as estações de tratamento, as redes de distribuição até o cavalete na entrada do imóvel dos clientes. Sempre que anomalias são constatadas, são tomadas as providências necessárias visando a regularização da situação.

 

Segundo a empresa, conforme a legislação, o “padrão de potabilidade de subprodutos da desinfecção deve ser verificado com base na média móvel dos resultados das amostras analisadas nos últimos doze meses”. Essa avaliação deve ser feita para cada sistema produtor, levando em conta seu histórico completo. Os dados apresentados pela reportagem mostram resultados pontuais, levando à conclusão equivocada de que certos sistemas não atendem aos padrões.

 

A Sabesp também informou que não há ocorrências de 2,4,6 Triclorofenol em concentrações acima do limite permitido. Nos 14 ensaios trimestrais realizados desde janeiro de 2018, os maiores valores encontrados foram de 0,00108 mg/L em Torre de Pedra e 0,00129 mg/L em Anhembi, muito abaixo do limite de 0,2 mg/L. As duas ocorrências pontuais citadas foram registros lançados no Sisagua em 2018, quando os dados eram reportados pela Sabesp às Vigilâncias Sanitárias. Estas faziam a digitação no sistema, o que pode ter levado a erro. Desde janeiro de 2019, a Companhia envia os resultados de forma eletrônica diretamente para o Sisagua, o que evita falhas de digitação.

 

Segundo a empresa, o cloro é o agente desinfetante mais utilizado no processo de tratamento de água no Brasil, e a manutenção de um residual na rede de distribuição é uma exigência da legislação (art.32 do capítulo V da Portaria de Potabilidade). Assim, é esperado que, eventualmente, ocorra a presença de subprodutos da desinfecção em maior ou menor concentração, variando de acordo com as condições climáticas e com a composição da água a ser tratada.

 

A Sabesp explicou que devido a essa esperada ocorrência, é que se exige o monitoramento constante e a avaliação da qualidade da água é feita considerando-se a média móvel dos resultados históricos. A aplicação de cloro é feita pela Sabesp conforme a Portaria de Potabilidade, que estabelece a concentração “em toda a extensão do sistema de distribuição (reservatório e rede) e nos pontos de consumo” de no máximo de 5 mg/L. Os resultados do monitoramento permanente não acusam valores acima desse limite.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *