Ressacas descaracterizam a praia Martim de Sá a mais frequentada de Caraguatatuba

As ressacas estão descaracterizando a praia Martim de Sá, a mais frequentada e badalada de Caraguatatuba. Devido ao avanço do mar, a praia está sofrendo uma redução em seu trecho de areia. O avanço da maré também tem derrubado coqueiros instalados na orla.

A Martim de Sá, já teria “perdido” entre 20 a 30 metros de sua faixa de areia devido ao avanço do mar nos últimos anos. Atualmente, perderam espaço na areia os banhistas e os quiosques.

A ambulante Diane Santos, que vende canga na praia há oito anos, disse que o processo de erosão (redução da faixa de areia) foi maior no ano passado. “As ressacas ocorreram mais vezes e bem mais fortes”, afirmou.

O comerciante Antônio Barbosa, de 90 anos, há 19 anos na Martim de Sá, disse que em 2021 presenciou as ressacas mais violentas desde que se estabeleceu na praia. Segundo ele, em agosto de 2021, o mar avançou sobre o quiosque e chegou na avenida Aldino Schiavi, a principal da orla da Martim de Sá.

Este ano, não tem sido diferente. Recentemente, a maré avançou “expulsando” os banhistas da faixa de areia. A maioria teve que se alojar em jardins ou no calçadão por causa da força do mar.

A maioria dos coqueiros estão ameaçados, com raízes muito expostas. Ao longo da praia pode-se perceber vários canais de drenagem  destruídos pelas ressacas. Os blocos de pedras, alguns soltos, colocam em risco os passeios e banho de mar de moradores e turistas.

Por enquanto, não se percebe nenhuma intervenção por parte da prefeitura para a retirada dos blocos de pedra e nem, de algum tipo de medida para tentar preservar os coqueiros ameaçados.

Caraguatatuba possui três praias bastante descaracterizadas pelo avanço do mar. Na Praia de Massaguaçu, na região norte, o estado já fez várias intervenções para conter o avanço do mar que ameaça as pistas da rodovia Rio-Santos. Mais de R$ 20 milhões já teriam sido investidos nas obras de contenção da rodovia.

Na Mococa, também, na costa norte, vários quiosques já foram destruídos pelas constantes ressacas que atingem a praia. Segundo os comerciantes do local, a praia teria perdido cerca de 100 metros de sua faixa de areia nos últimos dez anos.

A comerciante Suzana Santos, do quiosque do Serjão, um dos mais antigos e frequentados na Mococa( existe desde 1990), afirma que as ressacas estão ocorrendo cada vez mais fortes e destruindo tudo que tem pela frente, árvores, coqueiros e até as contenções feitas com saco de areia e madeira.

“Colocamos a proteção, uma contenção com saco de areia, mas cada vez que vem a ressaca, derruba tudo. No passado, foi atingido o canto direito da praia, nos últimos três anos, o lado esquerdo.  Acredito que seja um ciclo da natureza”, contou.

Existe um projeto de reurbanização da praia pela prefeitura. A proposta é recuar os quiosques impedindo que o avanço do mar causem prejuízos aos estabelecimentos.  Acontece que as obras deveriam ter sido iniciadas no ano passado, mas até agora, nada foi feito pela prefeitura. Segundo consta,

Avaliação

A doutora e pesquisadora científica Célia Regina de Souza, do Instituto Geográfico de São Paulo, avalia que entre as causas do avanço do mar nas praias de Caraguatatuba está a elevação do nível do mar que vem ocorrendo em todo o mundo.

Uma das maiores especialistas em erosão praial e costeira do país, Célia Regina explica, que o avanço do mar ocorre devido as condições naturais e antrópicas (intervenção humana).

A Profª Dra Célia Regina de Gouveia Souza, que coordenada a Plataforma de Comunicação de Riscos Costeiros para o Litoral de São Paulo (Redecost), visitou no ano passado as praias de Massaguaçu e Mococa, acompanhada de um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA)

 

“Com a elevação dos oceanos, o mar avança em direção as praias, procurando ocupar a faixa de areia. Isso ocorre com as marés altas e ressacas. A praia é uma espécie de barreira física natural. Como existem construções, principalmente, em praias urbanas, elas impedem o mar de se acomodar, a maré procura ocupar outros espaços”, relata.

Segundo ela, a ressaca ou maré alta, impedida de ocupar a orla natural, retira areia de um local e leva para o fundo marinho ou outro trecho da orla.

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