As praias do Litoral Norte oferecem oportunidade de trabalho para muitas famílias. O trabalho é informal e exige muito sacrifício: acordar cedo, percorrer quilômetros na areia, debaixo de sol forte e calor. Na temporada de verão, a rotina é diária, após as férias, o trabalho para alguns é só nos fins de semana.
Mesmo durante a pandemia, o movimento de banhistas foi grande. O esforço vale a pena. O resultado financeiro é bom. Um vendedor de empadinhas vendeu em média 200 unidades por dia, gerando um faturamento de mais de R$ 40 mil em janeiro. Um flanelinha faturou em média R$ 180,00 por dia no mesmo período.
Cerca de dois mil ambulantes trabalharam nas praias da região ao longo do verão. São pessoas que não conseguiram empregos formais e para sobreviverem encontraram no empreendedorismo a beira mar a única maneira de manter a família. Como fim do verão e a redução de turistas nas praias, o trabalho será nos fins de semana. O faturamento será bem menor, mas mesmo assim, o suficiente para garantir o sustento da família.
Qualificação
Para vender na praia é preciso aprimorar alguns técnicas e ter boa comunicação. É claro, tem que oferecer produtos de qualidade, preço justo e conquistar a clientela. A higiene é fundamental para quem trabalha com alimentos. Afinal, trabalhar a beira mar deixou de ser um serviço temporário para tornar-se uma das únicas opções de sobrevida para muita gente.
O ambulante Paulo Fominha, de 49 anos, natural de São José dos Campos, há cinco anos vive da praia. Ele trabalhou antes na área de eventos, mas ficou desempregado e vive do dia a dia nas praias.
Paulo acorda ainda de madrugada, produz os alimentos: empadinha de palmito, de camarão, de carne seca e casquinha de siri e camarão. Vende a R$ 10,00 cada. Na temporada, comercializava cerca de 200 unidades por dia. Como fim da temporada, as vendas caíram pela metade, mas ainda é lucrativa.
Paulo usa vestimentas adequadas, todo de branco e máscara de proteção facial para percorrer as praias. Percorre cerca de 10 quilômetros por dia, na areia quente e debaixo de sol forte, mas está sempre alegre e comunicativo. Aliás, ele chama a atenção de todos quando chega na areia da praia. Confira como ele é comunicativo:
Relacionamento
O mineiro José Santos Reis, de 70 anos, vive há 30 anos na cidade e, desde 2016, toma conta de carros na praia da Mococa, região norte de Caraguatatuba. Chega na praia às 8 horas e vai embora às 18 horas, diariamente, na temporada de verão. Após a temporada, trabalha aos sábados e domingos. Nos demais dias da semana, faz bico de pedreiro.
Reis disse que o que fatura diariamente durante a temporada dá para manter a família. Durante dezembro, janeiro e fevereiro, período de maior movimentação na praia, ele chega a faturar R$ 180,00 por dia. Fora do verão, o faturamento caí pela metade. Reis é bem prestativo e orienta os turistas sobre as condições da praia.
Ele vive da caixinha que cada proprietário de veículo lhe repassa por olhar o carro estacionado a beira mar. Em média, lhe repassam de R$ 2,00 a R$ 10,00. Segundo ele, é importante manter um bom relacionamento com os proprietários de veículos. Reis conhece boa parte dos frequentadores da praia, seja turistas, veranistas ou morador da cidade.
Apesar de ser um serviço informal, Reis utiliza colete para se identificar. Para se proteger do sol e do forte calor, mantém uma cadeira debaixo de uma árvore. O almoço é garantido pela marmita preparada diariamente pela mulher.