Mulheres ainda ocupam espaço reduzido na política do Litoral Norte

“Lugar de mulher é onde ela quiser”. A frase, conhecida cada vez mais mundialmente, faz sentido, mas no Litoral Norte Paulista (e, também, em outras regiões do país), a mulher continua com dificuldades para ocupar cargos no legislativo e executivo. O Litoral Norte conseguiu eleger apenas uma prefeita em 2020, Flávia Paschoal(foto), em Ubatuba; e, duas vereadoras, uma em Caraguatatuba e outra em Ilhabela.

 

O público feminino, no Litoral Norte, vem, a cada dia, conquistando mais espaços, na educação, na saúde, na advocacia, na engenharia, no comércio, no mercado imobiliário e em várias outras atividades. Na política, no entanto, a participação é das mais reduzidas.

 

O Litoral Norte tem apenas uma prefeita eleita nas quatro cidades, trata-se da educadora Flávia Paschoal (PL), em Ubatuba. Nas quatro câmaras, das 46 vagas, apenas duas vereadoras foram eleitas em 2020: A empresária Vera Morais (PV), em Caraguatatuba e a advogada Diana Matarazzo Falcão de Almeida (PL), em Ilhabela.

 

No Litoral Norte, o eleitorado, em todas as cidades, têm maioria de mulheres. Em Caraguatatuba, por exemplo, segundo o TSE, dos cerca de 91 mil eleitores, 52% são mulheres e 48% homens. Nas eleições de 2020, onde votaram 64.312 eleitores, apenas Vera Morais(foto) foi eleita com 867 votos. Concorreram ao cargo de prefeito sete candidatos, todos homens.

 

 

Em Ilhabela, mais de 20.500 eleitores foram as urnas em 2020. Diana foi a mais votada com 719 votos. Na disputa pela prefeitura, Colucci teve 10.266 votos (50,99%) e, a ex-prefeita Gracinha, sua concorrente, teve 3.945 votos (19,49%). Ilhabela tinha cerca de 51% de eleitorado feminino.

Vereadora Diana Matarazzo Falcão de Almeida (PL), de Ilhabela

A prefeita Flávia Paschoal foi eleita com 14.222 votos (31,37%), em Ubatuba, idade que tinha em 2020, um total de 50.668 eleitores, mas apenas 31.587(62,34%) votaram. Em Ubatuba, o eleitorado feminino era de cerca de 52%. São Sebastião tinha cerca de 51% de eleitorado feminino e nenhuma mulher foi eleita.

 

Avaliação

 

Para a advogada Beth Chagas, envolvidas com as causas sociais em São Sebastião, a questão da mulher ocupar pouco espaço na política não só na regional, como também na estadual e nacional.

 

“Isso se deve principalmente a todo um sistema montado em favor do homem, criando uma cultura de que política não era coisa de mulher. Enquanto os homens eram preparados para essa atuação, as mulheres eram preparadas para casar-se, ter filhos e obedecer aos maridos. Portanto romper essa cultura é processo longo, mas temos conquistas”, disse Beth.

 

Segundo ela, apesar da legislação garantir as cotas de candidaturas femininas, a luta interna é muito desigual tanto na distribuição dos recursos financeiros, como nos espaços. ” Mesmo assim a luta é ferrenha e podemos ver os avanços tímidos mais reais, como aumento do número de candidatas, eleição de algumas vereadoras, presidente de câmara e agora da prefeita de Ubatuba. Sem esquecer o trabalho da Gracinha frente a Prefeitura de Ilhabela. Enfim acho que estamos caminhando, precisamos acelerar a conscientização das mulheres para que votem em candidatas mulheres e reverter o quadro”, finalizou.

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