Árvore centenária teve que ser “sacrificada” por causa de um churrasco na praia

As prefeituras do Litoral Norte proíbem churrasco nas praias e intensificam cada vez mais a fiscalização. Muitos banhistas foram proibidos de “queimar uma carninha a beira mar” desde o início da temporada de verão em Ilhabela e Caraguatatuba. Não existe multa, apenas a recomendação para suspender o churrasco. O risco é grande para o meio ambiente.

 

A medida é correta e procura preservar o meio ambiente. Na praia da Caçandoca, uma das mais belas de Ubatuba, uma árvore centenária foi incendiada, alguns anos atrás, por um descuido absurdo de um grupo que realizava um churrasco a beira mar.

 

Após o churrasco e, na pressa de ir embora da praia, os organizadores decidiram dispensar a brasa da churrasqueira “nos pés” de uma amendoeira de mais de 100 anos e de grande importância para a comunidade quilombola que vive no local.

 

O fogo atingiu a amendoeira que precisou ser cortada porque “ferida nos pés”, ameaçava cair e atingir a igrejinha da comunidade. A Capela Nossa Senhora da Aparecida é a única da igreja católica no bairro. Quilombolas, crianças, jovens, adultos e adultos, contam com tristeza a “morte da amendoeira”.

 

árvore era esplendorosa e alta, atingida na raiz pela brasa, teve que ser cortada pois poderia cair sobre a igrejinha

 

O comerciante e quilombola, Sidenil Soares, dá detalhes do crime ambiental. “Uma família fez churrasco e antes de deixar a praia colocou a brasa da churrasqueira na raiz da amendoeira. Ninguém da comunidade viu. A brasa consumiu boa arte da raiz e a árvore centenária teve que ser sacrificada pois poderia cair e atingir a igrejinha. Isso tem quatro anos. A partir daí, a comunidade passou a proibir o pessoal de fazer churrasco na praia”, contou.

 

Segundo Soares, muitos quilombolas brincavam quando criança na amendoeira. Ele disse que a amendoeira fazia parte da convivência dos quilombolas desde a infância, por isso, todos sentiram muito quando a centenária árvore precisou ser sacrificada.

 

A quilombola Maria Gabriel do Prado, de 78 anos, nascida e criada no quilombo da Caçandoca, disse que, convivia com a amendoeira desde quando nasceu. Ela lembrou que a árvore, após ter a raiz atingida, precisou ser cortada por ameaçar cair sobre a igrejinha.

A quilombola Maria Gabriel do Prado, de 78 anos, convivia com a amendoeira desde criança

 

O que restou da amendoeira se transformou numa espécie de “monumento pela preservação da Caçandoca”.  Segundo Soares, a maioria dos turistas que visita a praia pergunta o que teria ocorrido com a árvore, cujo pedaço de tronco anda permanece exposto, quase em frente a igrejinha.

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