H3N2 foi muito agressiva, médicos chegaram a suspeitar de dengue hemorrágica ou leptospirose, segundo a família
A morte do adolescente Kauan Gustavo Soares Rocha, de 17 anos, por H3N2, surpreendeu a comunidade caraguatatubense. Foi a primeira vítima fatal da doença em Caraguatatuba, cidade onde o jovem morava com a família no bairro Gaivotas.
Kauan foi encaminhado no dia 29 de dezembro para a UPA Centro. Apresentava sintomas de gripe. Na Upa, segundo a família, ele não teria passado por nenhum exame, recebeu alguns medicamentos e retornou para sua casa no bairro Gaivotas. Melhorou e chegou até a ir ao shopping com amigos.
No dia seguinte, dia 30, passou mal e foi novamente levado até a UPA Centro. Fraco, precisou de uma cadeira de rodas para aguardar atendimento. Fez teste Covid-19, que deu negativo. Por volta das 10 horas da manhã, foi transferido para a Santa Casa. Foi intubado na própria ambulância.
Na Santa Casa, segundo a família, o estado de Kauan piorou muito. Os médicos, segundo a família, chegaram a suspeitar que ele tivesse contraído dengue hemorrágica ou, até mesmo, leptospirose devido a rápida piora de seu quadro clínico.
A mãe, Camila, chegou a ver o filho intubado. Às 23 horas, do dia 30, Kauan faleceu. O laudo do hospital apontou as causas da morte: choque hipovolêmico e hemorragia alveolar (uma hemorragia pulmonar persistente).
Kauan foi velado e sepultado no Cemitério do Jetuba no dia 31. A família, desolada, só ficou sabendo da verdadeira causa de sua morte no dia 11 de janeiro, terça-feira, através de um laudo emitido pelo Instituto Adolfo Lutz, H3N2.
Nesta quarta-feira(12), os familiares fizeram teste Covid-19 pela prefeitura. Dos seis familiares, dois testaram positivo, dois negativo e outros dois ainda aguardam o resultado.
A mãe, Camila, disse que a doença foi muito agressiva. Kauan morreu dois dias após apresentar os sintomas: febre, tosse e fraqueza. Ela disse lamentar apenas o fato dos médicos da UPA não terem feito a tomografia do pulmão dele quando deu entrada na UPA Centro. Ela disse acreditar, que se fosse feita a tomografia, Kauan poderia ter chances de sobreviver.
Procuramos a Prefeitura para saber por que não foi feita a tomografia de pulmão na UPA Centro. A Prefeitura de Caraguatatuba informou que o paciente deu entrada na UPA Central por volta das 9h45 do dia 30 de dezembro, já em estado grave e foi encaminhando à emergência.
Kauan
A súbita morte de Kauan comoveu muita gente na cidade. O adolescente era querido por todos por ser meigo, atencioso, educado e prestativo. Apesar da pouca idade, sempre trabalhou. Atualmente, era auxiliar numa marcenaria no bairro do Tinga. Estava adorando o serviço e aprendia de tudo.
No dia a dia, Kauan era são paulino, adorava estudar, praticar skate e musculação. Fazia curso técnico do SENAI na escola Antônio Alves Bernardino, no Tinga. Estava no segundo ano. Seu sonho: ter uma moto e comprar uma casa para reunir toda a família.
Kauan era filho de Camila Soares e Clóvis Rocha. Tinha mais três irmãos, Alicia, Ágata e João Vitor. Ele morreu sem poder realizar seu grande sonho, comprar uma casa para reunir toda a família.