O lobo-marinho (Arctocephalus tropicalis) que estava em reabilitação no Instituto Argonauta após ter sido encontrado no Maranhão, em setembro, finalmente pode voltar à natureza nesta segunda-feira (13/12). A operação de soltura envolveu a equipe de biólogos, oceanógrafos e veterinários do Instituto Argonauta, e foi realizada em alto mar, na altura de Ubatuba/SP, a cerca de 60 milhas da costa.
O animal foi encontrado debilitado no Rio Mearim, em Arari, Maranhão, e a equipe do Instituto Amares foi acionada e contatou o CETAS do Ibama de São Luís, que fez o resgate e os primeiros cuidados.
Por se tratar de uma ocorrência fora do local de registros mais comuns para essa espécie, foi solicitada, na ocasião, pelo CETAS do Ibama, a transferência, com a ciência e apoio do Centro de Mamíferos Aquáticos (ICMBio-CMA), para o CRETA do Instituto Argonauta, em Ubatuba – SP, que possui infraestrutura para atendimento, tratamento e posterior soltura de animais marinhos, incluindo pinípedes.
Os primeiros atendimentos e transporte foram realizados pela equipe da Mineral Engenharia e Meio Ambiente e do Instituto Argonauta e contou com o apoio da GolLog para a transferência aérea.
A ideia inicial era uma breve reabilitação, seguida de uma rápida soltura, dentro do período mais comum de ocorrência da espécie na região Sudeste do Brasil. No entanto, o animal seguia apresentando alteração nos exames clínicos e laboratoriais, que prorrogaram sua estadia no CETAS.
Os pinípedes marinhos, subantárticos e antárticos, devem passar por rigorosos exames que garantam sua saúde e minimizem as possibilidades de carreamento de agentes patógenos para o ambiente antártico. Após três meses de reabilitação, medicamentos, terapias e exames que pudessem garantir que o lobo-marinho estava em perfeitas condições de saúde, o paciente teve evolução, recebeu alta, foi anilhado, microchipado e ficou pronto para voltar ao seu ambiente natural.
Assim, o Instituto Argonauta, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), através da equipe do Dr. Milton Kampell da Coordenação de Ciências do Sistema Terrestre – Divisão de Observação da Terra e Geoinformática, monitorou as condições meteoceanográficas e a posição da Corrente do Brasil para definir a melhor data e local para soltura. “A Corrente do Brasil se origina na bifurcação da Corrente Sul Equatorial e flui para sul ao longo da margem continental brasileira até a costa do Uruguai, o que facilita o deslocamento do animal, por isso a importância de realizar a soltura o mais próximo possível dessa corrente, mesmo nessa época, explica o oceanógrafo Hugo Gallo neto, presidente do Instituto Argonauta.
De acordo com a bióloga Carla Beatriz Barbosa, diretora executiva do Instituto Argonauta, os lobos-marinhos da espécie Arctocephalus tropicalis são encontrados em regiões costeiras subantárticas, e, no Brasil, podem ocorrer no litoral do Sul e do Sudeste. Eles se diferenciam dos leões-marinhos pelo menor porte, focinho alongado e pelagem mais macia. Alimentam-se de peixes, crustáceos, polvos e eventualmente pinguins.
O trabalho da equipe de reabilitação do Instituto Argonauta e com o apoio da Mineral Engenharia e Meio Ambiente garantiu que esse indivíduo tenha uma nova chance de retornar à natureza com saúde e realizar sua migração em direção à região subantártica.
O Instituto Argonauta atua desde 1998 em parceria com o Aquário de Ubatuba no resgate e reabilitação de fauna marinha, e mantem o Centro de Reabilitação e Triagem de Animais Aquáticos e também é uma das instituições executoras do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS).
Ao ver um animal marinho debilitado, ligue 0800-642-3341 ou (12)99785-3615.