O Estado, através do DER (Departamento de Estrada de Rodagem), vai iniciar a quinta obra para conter o avanço do mar no trecho da rodovia Rio-Santos que corta a orla do Massaguaçu, em Caraguatatuba. Nos últimos anos, o DER já investiu R$ 25 milhões (incluído a nova obra) no trecho para impedir que o mar coloque em risco a rodovia.
A obra no km 90+100 está orçada em R$ 4.954.751, 41 e deve ser concluída dentro de 180 dias pela empresa Almada Santa. O trecho já está sinalizado. Na placa instalada pela empresa consta que no local será feita a contenção e proteção de talude com risco eminente contra ação das ondas marítimas.
Será a quinta obra para conter o avanço do mar contra a praia, o calçadão, o acostamento e até parte da pista da Rio-Santos. Nos últimos anos, o Estado já investiu mais de R$ 20 milhões para proteger a pista e o acostamento da Rio-Santos no trecho da praia do Massaguaçu. Na obra concluída, recentemente, no Km 90+300, foram gastos R$ 9 milhões.
No ano passado, 2020, logo após ressacas provocarem erosão no canto esquerdo da praia, o DER investiu R$ 7,4 milhões em um muro de contenção para proteger a rodovia, o acostamento, ciclovia e calçada. As obras foram entregues em fevereiro deste ano. Outros R$ 4,3 milhões foram investidos pelo Estado, na orla de Massaguaçu, em obras de contenção feitas entre 2006 e 2011.
A prefeitura chegou a sugerir o recuo da rodovia, como medida ideal, mas o Estado optou pelas obras de contenção para conter as forças das ondas e proteger a rodovia. A Profª Dra Célia Regina de Gouveia Souza, umas maiores especialistas em erosão praial no país e coordenadora da Plataforma de Comunicação de Riscos Costeiros para o Litoral de São Paulo (Redecost) argumenta que o estado estaria gastando dinheiro à toa em obras rígidas (de concreto) ao longo da orla, pois essa medida não solucionará o problema da erosão que atinge a Massaguaçu.
Em recente visita técnica ao trecho, a Profª Dra Célia Regina de Gouveia Souza disse que a Massaguaçu está entre as praias mais atingidas pelo avanço da maré e ressacas no Litoral Norte. O grupo fez um reconhecimento dos pontos de erosão ao longo na orla para avaliar os riscos e medidas que podem ser adotadas para evitar situações mais graves.
Os pesquisadores alegam que a situação na Massaguaçu é crítica e a preocupação é que as obras de recuperação dos trechos já afetados pelas ressacas causem problemas mais sérios.
“Sabemos que a construção da estrada não foi responsável por essa situação, mas sim um processo natural que tem aumentado ao longo de 20 anos e agora com mais frequência”, explicou a Profª Dra Célia Regina de Gouveia Souza.
Em um recente seminário pelas redes sociais, que contou com a participação de vários pesquisadores, Célia destacou a erosão que ocorre na Massaguaçu desde 1990, com fotos e gráficos. Segundo ela, o DER deveria consultar os técnicos especialistas nessa questão antes de optar pela construção de enrocamentos para conter e proteger a costa e a estrada contra o avanço do mar e das ressacas.