Ambientalistas pressionam Marinha pelo fim dos exercícios de tiros na Ilha da Sapata

O Instituto Educa Brasil emitiu uma nota de repúdio contra exercícios de tiros programados pela Marinha do Brasil nos dias 25 e 26 em alvos instalados na Ilha da Sapata, ilha que integra o Arquipélago de Alcatrazes, em São Sebastião. A Sapata que fica a 4 quilômetros da ilha principal é usada desde 2014 para exercícios da Marinha após o fim dos treinos em Alcatrazes.

Os ambientalistas tiveram conhecimento dos exercícios através de comunicado da Marinha encaminhado ao ICMBio sobre a programação de exercícios de tiro nos dias 25/26 de novembro em alvos na Ilha da Sapata.

A Marinha praticou tiros em Alcatrazes durante 30 anos. A atividade sempre foi alvo de protestos de ambientalistas que temiam pela preservação do arquipélago, considerado um santuário ambiental que abriga rica fauna e flora endêmicas.

Em 1990, foi apresentada no Congresso Nacional uma  proposta de criação do Parque Nacional Marinho dos Alcatrazes, iniciativa do então deputado federal Fabio Feldmann

A pressão dos ambientalistas funcionou e a Marinha decidiu cancelar os exercícios em Alcatrazes e transferir os treinos em uma ilha menor, a Ilha da Sapata, que fica a 4 quilômetros do arquipélago.

Em junho de 2013, a Marinha anunciou oficialmente que deixaria de atirar na ilha principal e que não se opunha mais à criação do parque, desde que a Ilha da Sapata fosse mantida fora da unidade, para continuar servindo aos treinamentos.

Em 2 de agosto de 2013, foi publicado o decreto que transformou Alcatrazes em uma área de proteção integral. A Ilha da Sapata ficou de fora, como combinado; só que em vez de Parque Nacional Marinho, o arquipélago virou Refúgio de Vida Silvestre.

Ilha da Sapata abriga ninhal de aves marinhas. Foto: reprodução Herton Escobar/Estadão

Apesar de pequena (4 hectares), a Sapata também abriga um ninhal de aves marinhas. Segundo a Marinha, um grupo de trabalho interministerial foi criado para avaliar o impacto dos exercícios de tiro na ilha.

Segundo a Marinha, “os estudos do GT-Sapata concluíram que a utilização da Ilha da Sapata, acrescida de medidas já implementadas, como a utilização de granadas inertes e a limitação no número de exercícios realizados, seria a solução para não causar prejuízos ao ecossistema local”.  Desde 2014, os exercícios são realizados uma vez por ano. O último foi em janeiro deste ano. Fonte: Estadão

Nota

Na nota de repúdio emitida pelo Instituto Educa Brasil, entidade com assento em Conselhos sócio ambientais do Litoral Norte, os ambientalistas cobram o fim dos exercícios também na Ilha da Sapata. Confira a nota:

Os exercícios de tiro no Arquipélago, refúgio considerado o maior ninhal de fragatas do cone sul-americano, representam um retrocesso histórico e fazem ressurgir um movimento de repulsa de toda a sociedade, indignada com a tosca prática de treinamento bélico que, se de um lado aniquila ambientes extremamente vulneráveis e raros, de outro não satisfaz aos interesses da soberania nacional, razão de ser da discutível atividade.

O Arquipélago de Alcatrazes, de onde a Ilha da Sapata é parte inseparável, não precisa ser um alvo: esse santuário ecossistêmico de diversidade marinha/insular é local de alimento, reprodução, repouso e vida que carece de cuidado. Aí incluído o zelo que a Marinha do Brasil pode e deve exercitar. Destruir, não.

Atirar contra alvos fixos cheios de vida indefesa não melhora a estratégia militar, que pode e deve ser treinada em alternativas mais efetivas. Ao revés, manter o bombardeio contra uma Unidade de Conservação significa ignorar a ciência, a defesa do patrimônio, e a Constituição Federal de 1988.

Rogamos à Marinha do Brasil que os exercícios de tiro programados sejam suspensos, e que a parceria entre a sociedade e a Marinha do Brasil, de visíveis avanços nos últimos anos, não retroceda.

 

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