Oceanógrafo sugere medidas preventivas para evitar novos ataques de tubarão em Ubatuba

Após a confirmação do segundo ataque de tubarão a banhistas em praias de Ubatuba- apesar da pouca gravidade dos ferimentos causados às vítimas, o presidente do Instituto Argonauta, oceanógrafo Hugo Gallo, entende que as autoridades locais devem orientar e prevenir os frequentadores das praias do município sobre o risco de possíveis novos ataques. Uma das sugestões seria instalar placas de advertência nas praias onde ocorreram os ataques, como é feito em Recife(foto acima).

 

Segundo Gallo, “é hora de acender a luz amarela”. Segundo ele, a possibilidade de um novo ataque não pode ser descartado e poderá vir a ocorrer. Com a confirmação dos dois ataques, da água do mar muito fria, propicia para atrair os tubarões para a costa em busca de alimento e a proximidade do verão, quando milhares de banhistas devem estar nas praias, por isso seria recomendável adotar algumas medidas para evitar novas vítimas.

 

Umas das providências que poderia ser adotada pela prefeitura seria a colocação de placas de advertência e orientação nas praias onde ocorreram os ataques ou nas mais frequentadas. Isso foi feito em praias do Recife, onde vários ataques de tubarão foram registrados nos últimos anos.

 

O oceanógrafo disse que nos últimos 30 anos em que trabalha na região nunca soube de ataque de tubarão nas praias do Litoral Norte. Ele explica que sempre existiu este tipo de animal na região. Nos dois casos ocorridos em Ubatuba, ele disse acreditar que os tubarões estavam em busca de alimento e confundiram as pernas dos banhistas com cardume de peixes.

 

“Tubarão come peixe e não gente”, afirmou. Segundo ele, no primeiro ataque ocorrido no dia 3 deste mês, a vítima, o turista francês, de 38 anos, nadava em água turva e próximo a um cardume de peixes. O tubarão, suspostamente, da espécie Cabeça-chata,   teria confundido a perna do turista com o peixe que queria “abocanhar”. O animal, após o ataque, ao perceber que não se tratava de peixe, teria “largado” a perna do banhista. O mesmo teria ocorrido com a turista “abocanhada”,  supostamente, por um tubarão da espécie Tigre na Praia Grande.

 

Segundo Gallo, com a água fria, os tubarões se aproximam mais da costa em busca de alimento ou para dar cria. Nos dois casos ocorridos em Ubatuba, ele entende, que os animais estavam em busca de alimentos e morderam às vítimas confundindo-as com algum peixe.

 

“No mundo todo, mais de 100 milhões de tubarões foram capturados e mortos. Uma pesquisa internacional de 2020 mostrou que no ano passado 10 banhistas foram vítimas fatais de ataque de tubarão no mundo.  A probabilidade de um banhista sofrer um ataque de tubarão é de uma em 11,5 milhões de possibilidades.

 

Orientações

Praia do Lamberto, próximo ao Saco da Ribeira, local do primeiro ataque no dia 3

 

Nos dois casos ocorridos em Ubatuba, no dia 3, na Praia do Lamberto e no dia 14, na Praia Grande, a maior dificuldade dos pesquisadores em confirmar os ataques ocorreu devido à falta de coleta de informações e de fotos mais precisas. No ataque do dia 14, confirmado três dias depois, a demora se deu por causa da suspeita de que as fotos encaminhadas aos pesquisadores não fossem verdadeiras.

 

A partir da confirmação dos ataques ocorridos na praia do Lamberto e Praia Grande, Gallo recomenda que aos profissionais da saúde, ao GBmar(Grupamento de Bombeiros Marítimos), guarda-vidas, bombeiros e Samu, que busquem coletar informações mais precisas, como horário, local, condições do mar e se possível, com fotos dos ferimentos provocados nas vítimas.

 

Os profissionais do pronto socorro, segundo ele, quando atenderem um caso suspeito de mordida de animal marinho, também, devem buscar essas informações, bem como, fotografar em detalhe os ferimentos. Com informações precisas e boas imagens dos ferimentos, os pesquisadores poderão comprovar mais rapidamente se trata-se ou não de ataque de animal marinho e até mesmo, identificar o animal e sua espécie.

 

Dicas

 

O oceanógrafo informou algumas dicas para evitar que o banhista sofra um ataque de tubarão:

 

  • Evitar nadar em água turva
  • Evitar nadar sozinho
  • Evitar nadar em local mais fundo
  • Evitar nadar próximo a cardume de peixes
  • Evitar nadar onde tem gente pescando
  • Evitar entrar na água sangrando ou com algum ferimento
  • Evitar entra na água com relógio ou objetos brilhantes

Espécies

Conheça detalhes dos supostos animais que teriam atacados dois banhistas em Ubatuba, segundo suspeita dos pesquisadores. O turista francês, ferido quando nadava na praia do Lamberto no dia 3,  teria sido vítima de um tubarão Cabeça Chata. A turista de 79 anos que sofreu um ataque na Praia Grande, no dia 14, teria sido vítima de um tubarão Tigre.

Tubarão Cabeça Chata

O Tubarão Cabeça Chata( Carcharhinus leucas) tem nariz largo e achatado, olhos pequenos, barriga branca e corpo acinzentado. Podem atingir até 3,5metros de cumprimento. Come peixes, arraias, tartarugas marinhas, pássaros e golfinhos. São encontrados perto de costas das praias e habitam profundidades que variam de 30 m ou até menos de 1 metro. São vivíparos e nascem mais ou menos 13 filhotes a cada gestação, que dura 1 ano. Os filhotes nascem com 70 cm de comprimento. Possuem expectativa de vida de 14 anos.

Tubarão Tigre

O tubarão Tigre ( Galeocerdo cuvier) chega a medir até 6 metros de comprimento, possuindo corpo robusto, cabeça larga e achatada, focinho curto e arredondado, nadadeira caudal pontuda, dorso variando de cinza-escuro a cinza-amarronzado com manchas escuras verticais.

É muito agressivo, sendo a espécie com maior número de ataques. Sua pesca comercial é realizada com espinhel e rede pesada. O seu nome provém das riscas pretas que apresenta ao longo das costas, que vão desaparecendo à medida que o tubarão envelhece.

 

O tubarão tigre come peixes, tartarugas marinhas, caranguejos, moluscos, mamíferos e pássaros que vivem perto do mar.  Vive perto da costa e também em mar aberto. São ovíparos e geram mais de 82 filhotes a cada gestação. A gestação é similar a dos humanos, dura 9 meses. Os filhotes nascem com mais ou menos 80 cm e completamente independentes.

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