Flip 2021 homenageará mestres indígenas vitimados pela Covid-19

Diferente das edições anteriores, a 19a Flip prestará homenagem a pensadore(a)s, conhecedore(a)s e mestre(a)s indígenas que tiveram suas vidas interrompidas pela Covid-19.

O Programa Principal da 19ª edição da Festa será composto de dezenove encontros, que acontecem de sábado, 27 de novembro, a domingo, 5 de dezembro, em formato virtual.

Inspirada nas plantas e nas florestas, a programação deste ano trará nomes como Margaret Atwood, David Diop, Han Kang, Adriana Calcanhotto, Ailton Krenak e Alice Walker.

Nhe’éry, a Mata Atlântica, nos ensina que na morte há algo a ser preservado, uma maneira de se comunicar que cria laços entre gerações, e que cria vida.

“Gente de várias florestas do Brasil, gente discípula das plantas.”, nas palavras do nosso coletivo curatorial. Gente que se dedicou a aprender como conversa a mata, gente que imaginou formas de vida em que o homem e a natureza podem ocupar o mesmo território.

Zé Yté. Foto: Adriana Reis/Memorial Vagalumes

Zé Yté foi guardião de conhecimento dos Kayapó e colaborador central dos mais importantes estudos sobre a etnobiologia da tribo. A partir desse trabalho, pôde iluminar o papel dos saberes locais na conservação da floresta, fomentando a consciência política em defesa das pautas ambientais na Amazônia.

Sibé Feliciano Lana é da aldeia de São João Batista, no rio Tiquié. Foi artista plástico e escritor do povo Desana. Sua obra, que ilustra cenas da mitologia Desana, foi exposta em diversos países.

Higino Tenório nasceu na aldeia São Pedro, no Alto Rio Tiquié. Foi escritor, benzedor, especialista em arte rupestre, professor e fundador da primeira escola indígena do povo Tuyuka.

 

 

Maria de Lurdes Brandão. Foto: Márcia Mura/Memorial Vagalumes

Maria de Lurdes Brandão foi guardiã das plantas de cura do povo Mura. Vivia com seu extenso herbário em Nazaré, às margens do rio Madeira. Do seu jardim fez parte de uma longa tradição de mulheres amazônicas, aquelas que cuidam das plantas para então cuidar das pessoas.

Meriná, mestra de rituais de cura e benzimentos do povo Macuxi, se foi aos 75 anos, deixa seis filhos e quinze netos, um legado de luta àqueles que habitam do Território Indígena Raposa do Sol, e seus ensinamentos, em parte reproduzidos no livro “Cantos e Encanto”.

Alípio Xinuli Irantxe, mestre das flautas do povo Manoki, dedicou “suas muitas vidas” à preservação da cultura de seu povo. Seu legado de bravura tem como símbolo o enfrentamento da pandemia de sarampo que quase extinguiu seu povo.

 

Cacique Domingos Venite. Foto: Memorial Vagalumes

Domingos Venite foi cacique da maior terra indígena do estado do Rio de Janeiro. O legado de sua liderança do Guarani Mbyá é imenso, como a luta no processo de demarcação da Terra Indígena Guarani do Bracuhy, e a militância por novas políticas de saúde indígena. (Foto: Reprodução Arquivo Pessoal de Niltinho Júdice/Memorial Vagalumes)

Através desses nomes, a Flip também homenageia todas as vítimas da pandemia, entre elas gente de outras sabedorias e narrativas como Nelson Sargento, Aldir Blanc e Zé de Paizinho (mestre do samba de aboio sergipano), ou as poetas Olga Savary e Maria Lúcia Alvim, o poeta Vicente Cecim e o ficcionista Sérgio Sant’Anna.

Segundo os organizadores, são muitas as histórias interrompidas pela pandemia que precisam ser lembradas a partir de cada uma das raízes que prosperaram em terreno árido.

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