Os pesquisadores tentam identificar a espécie do tubarão que atacou um turista francês, de 39 anos, na praia do Lamberto, em Ubatuba, no dia 3. Trata-se, oficialmente, do primeiro ataque à banhista ocorrido no litoral norte nos últimos 30 anos. O banhista foi ferido na perna e passa bem.
Os pesquisadores pretendem comparar as características nos ferimentos causados na perna do turista para tentar identificar qual é a espécie do animal. Pelo menos cinco espécies habitam a costa do Litoral Norte. Existe uma espécie de arquivo com registro de ataques ocorridos na costa brasileira onde será feita a comparação entre os ferimentos e as espécies identificadas.
O último registro de ataque de um tubarão à banhista ocorrido no litoral paulista havia ocorrido em Bertioga, no dia 10 de fevereiro de 2003. A vítima foi Geílson Alves Bezerra, de 13 anos. Ele foi mordido pelo animal quando surfava na praia de Guaratuba.
A confirmação de que o menino tinha sido atacado por um tubarão foi feita pelo pesquisador Otto Bismarck, da UNESP. Ele explicou, na ocasião, que “o ferimento causado por um animal destes(tubarão) é irregular, não tem um formato simples, não é simétrico e, muitas vezes, traz perfurações individuais de dentes”.
O garoto, que morava em Bertioga, foi mordido em uma das coxas pelo tubarão, passou vários dias internado em um hospital de Santos e se recuperou. O ataque ocorreu durante o verão, ocasião em que, segundo Bismarck, esses animais se aproximam mais da costa para acasalamento ou procriação.
Ubatuba
O turista francês, de 39 anos, nadava com a água pela cintura quando foi mordido em uma perna direita pelo tubarão. Os pesquisadores tentam investigar, além da espécie, por que o animal estaria tão próximo da costa.
Possivelmente, o animal estaria em busca de alimento. Tubarão se alimenta de peixes, lulas e polvos. Por causa da água turva da praia do Lamberto, no dia do acidente, o animal possa ter confundido a perna com algum tipo de alimento, suspeitam os pesquisadores.
A praia do Lamberto fica bem próxima do Saco da Ribeira, onde tradicionalmente ficam atracados vários barcos de pesca e, normalmente, ocorre descarte de peixes ou vísceras no mar. Isso pode ter atraído o tubarão.
Apesar do ataque ao turista francês, confirmado por Otto Bismarck, isso não significa que a praia do Lamberto ou as demais de Ubatuba ofereçam riscos aos banhistas. Trata-se, por enquanto, de um caso isolado.
Para ser declarada uma zona de risco de ataque de tubarões é preciso o registro de vários casos. É o caso da Praia da Boa Viagem, em Recife, onde diversos cartazes indicam aos turistas a presença destes animais. Nas praias do Recife foram registrados mais de 66 ataques a banhistas. As espécies mais encontradas nas praias são os tubarões cabeça chata e tubarões-tigre.
Tubarão
O último registro de tubarão em praias do litoral paulista ocorreu no dia 18 de abril deste ano. Banhistas filmaram o animal, cuja espécie não foi identificada, nadando na praia do Indaiá, em Bertioga. A presença do animal assustou os banhistas, mas não houve registro de nenhum ataque.
Alguns dias antes, em 4 de abril, um tubarão-azul foi encontrado morto na praia da Riviera, em Bertioga. O animal media cerca de 2,5 metros, estava prenha e foi recolhido pelo Instituto Gremar para integrar o seu acervo científico. O animal apresentava marcas de rede de pesca em seu corpo, mas a causa da morte não foi revelada.
Litoral Paulista
Os tubarões mais comuns na costa do litoral paulista são: o tubarão-mangona(Carcharias taurus), tubarão viola(Rhinobatos percellens), tubarão martelo(Sphyrna spp), tubarão-frango(Rhizoprionodon porosus), e tubarão cabeça-chata.
O tubarão Mangona é um tubarão de hábito noturno, nada calmamente e lentamente e possuí uma aparência agressiva por conta dos seus dentes profundos expostos para fora da boca.
O tubarão Viola ou cação viola é um animal manso e normalmente deixa-se tocar por mergulhadores, especialmente à noite, período em que está mais ativo. Sua cor varia do bege ao marrom, com pintas brancas.
O tubarão Martelo é característico pelas projeções existentes em ambos os lados da cabeça, onde se localizam os olhos e as narinas. É um predador agressivo que consome peixes, cefalópodes, raias e outros tubarões
O tubarão Cabeça-chata atinge de 2,1 a 3,5 metros de comprimento. Seus dentes se parecem com pregos e ajudam a segurar a presa, por isso causam grandes estragos em pessoas quando atacadas pelo tubarão, que tem o hábito de chacoalhar a cabeça o que aumenta o ferimento.
Tubarão-frango é comum e inofensivo. Tem o corpo alongado, focinho muito longo. A coloração é marrom-acinzentada, com reflexos dourados na região superior e branco inferiormente. Ele atinge até um metro de comprimento e a sua carne é relativamente comum no mercado comercial.