Ataque de tubarão em Ubatuba pode ter sido o 1º na região em 30 anos

Segundo pesquisador, ferimentos em turista de Ubatuba podem ter sido provocados por uma “abocanhada” de tubarão

O Litoral Norte pode ter registrado na manhã da última quarta-feira(3), na praia do Lamberto, em Ubatuba, seu primeiro ataque de tubarão nos últimos 30 anos.

O suposto ataque de tubarão teria ocorrido naquela manhã quando um turista francês, cujo nome ainda não foi divulgado, teria sido mordido numa das pernas por um peixe desta espécie quando nadava nas águas tranquilas da praia do Lamberto, que fica próxima ao Saco da Ribeira, região sul de Ubatuba.

O turista francês, que estava acompanhado da família,  teria sido “mordido” pelo tubarão na perna direita. Assustado,  ele teria deixado o mar e levado para atendimento na santa casa de Ubatuba. Lá, teria contado aos atendentes, que os ferimentos teriam sido causados por um tubarão. Ele foi medicado e passa bem.

O suposto ataque de tubarão se espalhou pela cidade e redes sociais. O oceanógrafo Hugo Gallo, presidente do Instituto Argonauta e diretor do Aquário de Ubatuba, recebeu as fotos dos ferimentos provocados na perna do turista francês e encaminhou para especialistas avaliarem.

Inicialmente, o suposto ataque de tubarão foi descartado, boa parte dos pesquisadores consultados acreditavam que o turista poderia ter sido atacado por uma moréia, mas o caso teve uma reviravolta na noite de sexta, quando o doutor-professor da UNESP, Otto Bismarck, o maior especialista em tubarões no país, afirmou que, após ver as fotos e saber detalhes do ataque com o turista, sim, os ferimentos podem ter sido causados por uma mordida de tubarão.

 

Se confirmado, trata-se do primeiro ataque de tubarão ocorrido nas praias do Litoral Norte nos últimos 30 anos, segundo o oceanógrafo Hugo Gallo.   Segundo Gallo, em um primeiro momento, apenas com as fotos divulgadas inicialmente não foi possível identificar o animal causador das lesões na perna do turista francês.

Gallo destacou que após contato com a família, na sexta feira, foi possível obter mais fotos e informações detalhadas sobre o acidente, que foram enviadas para o Prof Dr Otto Bismarck, da Universidade Estadual Paulista – UNESP – Campus São Vicente, especialista em tubarões para ajudar na avaliação.

Com as novas imagens e detalhes, Bismarck conseguiu identificar que as lesões são compatíveis com a mordida de um tubarão. De acordo com Bismarck, ainda serão analisadas outras imagens para se ter mais informações sobre as características do animal e as condições que causaram o ferimento.

Segundo o oceanógrafo Hugo Gallo Neto, presidente do Instituto Argonauta e diretor do Aquário de Ubatuba, várias espécies de tubarões ocorrem na região, mas até então não se tem conhecimento de registros de acidentes envolvendo banhistas nos últimos trinta anos. Segundo ele, trata-se, portanto, de uma situação isolada, que não deve causar preocupação na população.

Oficialmente, o último ataque desta espécie de peixe no Litoral Paulista, ocorreu em Bertioga, em fevereiro de 2003. A vítima foi um garoto de 13 anos, Geílson Alves Bezerra quando ele surfava na praia de Guaratuba.

A confirmação de que o menino tinha sido atacado por um tubarão foi comprovado pelo pesquisador Otto Bismarck, que avalia o ataque sofrido pelo turista francês está semana em Ubatuba. Em 2003, Bismarck após visitar o garoto no hospital e ver os ferimentos, confirmou que as características da lesão revelavam tratar-se de uma “abocanhada” de tubarão.

Ele explicou, na ocasião, que “o ferimento causado por um animal destes(tubarão) é irregular, não tem um formato simples, não é simétrico e, muitas vezes, traz perfurações individuais de dentes”. O garoto foi mordido em uma das coxas pelo tubarão, passou vários dias internado em um hospital de Santos e se recuperou.

Tubarões

Sobre a existência ou não de tubarão na costa do Litoral Norte, em 2019, na época, editor do Tamoios News, entrevistei o pesquisador científico Dr. Alberto Ferreira Amorim, um dos mais renomados do Instituto de Pesca do Estado de São Paulo e os oceanógrafos Júlio Cesar Avelar e Hugo Gallo.

O doutor Amorim informou que o tubarão habita a nossa costa, vive nas ilhas da região e, também, no raso, mas que o animal não ataca o homem. Amorim disse ainda que, o tubarão reage quando importunado ou atacado. Segundo ele, na época, “ataque a banhista, na costa do Litoral Norte é uma raridade”.

O professor esclareceu que não existe diferença entre tubarão e cação. “Quando capturam um cação tigre ou tintureira, na verdade, capturaram um tubarão. Esses peixes (cação grande) possuem dentes parecidos com um serrote. Algumas espécies são bem agressivas.”, alertou.

O oceanógrafo Hugo Gallo, do Aquário de Ubatuba e presidente do Instituto Argonauta, explicou que existem tubarões sim no litoral norte de SP e muitas vezes são pescados e vendidos no mercado com o nome de cação. Ele comentou que “muita gente já comeu tubarão e nem sabe”.

O oceanógrafo Júlio Avelar, que conhece profundamente o Litoral Norte, explica que  “Tubarão é um termo genérico. O cação que você compra na peixaria é um tubarão. Segundo ele, existem muitas espécies, de variados tamanhos, alguns agressivos, mas a maioria não. Algumas espécies já estão ameaçadas de extinção.

Aquário 

 

Aquário de Ubatuba tem três tubarões

O tubarão é um dos peixes mais temidos no mundo todo. Chega a medir até seis metros de comprimento e pesar mais de 800 kg. O tubarão se alimenta de peixes, tartarugas, focas e lulas. As pessoas interessadas podem conhecer e ver bem de perto algumas espécies que vivem no Aquário de Ubatuba.

Os visitantes podem conhecer três animais: um tubarão mangona ( Carcharias taurus), apelidada de “Valente” é uma fêmea que pesa por volta de 100 quilos e tem mais de 2 metros de comprimento; tem também um tubarão lixa (Ginglymostoma cirratum), apelidada de “Moana”, o tubarão fêmeo, tem 1,82 metros de comprimento e pesa 40 quilos; e, um tubarão-gato (Atelomycterus marmoratus), apelidado de “Mathias”, que tem por volta de 60 centímetros de comprimento.

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